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Pandemia domina debate entre Mike Pence e Kamala Harris

8 de outubro de 2020

Em confronto civilizado, candidatos a vice dos EUA discutem propostas. Democrata parte para o ataque contra o governo, enquanto republicano fica na defensiva.

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Kamala Harris e Mike Pence em debate
Segurança no debate foi reforçada devido à pandemiaFoto: Brian Snyder/Reuters

Uma semana depois do caótico confronto entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos, seus vices, o republicano Mike Pence e a democrata Kamala Harris, se enfrentaram num evento transmitido ao vivo da Universidade de Salt Lake City. A pandemia de covid-19, que atingiu em cheio a Casa Branca, dominou esse que será o único debate entre os candidatos a vice-presidente.

Separados por dois painéis de acrílico e sentados a 3,7 metros de distância, Pence e Harris trocaram farpas, mas mantiveram a civilidade num confronto de 90 minutos realizado na noite desta quarta-feira (07/10), que além da pandemia abordou os temas da campanha dos candidatos.

A crise do coronavírus foi o principal assunto da primeira meia hora do evento, que ocorre num momento em que o presidente Donald Trump está infectado e em que cada vez mais funcionários da Casa Branca e do Pentágono, além de parlamentares republicanos, testam positivo para a covid-19, após terem minimizado a doença e ignorado medidas para evitar o contágio.

Harris criticou a resposta do governo Trump à crise gerada pelo coronavírus nas áreas de saúde e economia. "O povo americano assistiu ao que é a maior falha de qualquer administração presidencial na história do nosso país", afirmou a democrata, destacando os mais de 211 mil óbitos causados pela doença no país.

A candidata culpou Trump e Pence, que lidera a força-tarefa de combate à covid-19, por terem omitido a gravidade da doença no início da pandemia. "Eles sabiam o que estava acontecendo e não disseram para vocês", afirmou, dirigindo-se à audiência ao olhar diretamente para a câmera, tal como o candidato democrata Joe Biden fez durante no debate com Trump.

Ao partir para o ataque, Harris acusou ainda o governo de querer tirar o seguro de saúde de 20 milhões de pessoas, na tentativa de acabar com a lei de Cuidados de Saúde a Baixo Custo, conhecida como Obamacare.

Na réplica, Pence defendeu a forma como a Casa Branca lidou com a pandemia e disse que Trump salvou milhares de vidas ao fechar as fronteiras com a China, onde o surto teve início. "Desde o primeiro dia, Trump pôs a saúde dos EUA em primeiro lugar."

O vice afirmou ainda que haverá "dezenas de milhões de doses" da vacina contra a covid-19 prontas para serem distribuídas "antes do final do ano" e que o plano de Biden para combater a pandemia "parece um plágio" do que a Casa Branca tem feito. Na defensiva, Pence afirmou que o Obamacare é um desastre e disse que seu governo está trabalhando numa proposta melhor. 

"O que Pence diz que a administração fez claramente não está funcionando", contra-atacou Harris, que insistiu em responsabilizar a Casa Branca pelos efeitos econômicos da pandemia e acrescentou que "não podia haver uma diferença mais fundamental" entre os planos dos candidatos para a economia.

"Biden acredita que se mede a saúde e força da economia americana com base na saúde e força do trabalhador e da família americana. Por outro lado, Trump mede a força da economia com base em como estão as pessoas ricas", destacou a candidata, que é a primeira mulher negra a concorrer à vice-presidência dos Estados Unidos. 

Economia 

Harris prometeu ainda que Biden irá anular os cortes de impostos feitos por Trump e usar esse dinheiro para investir em infraestrutura, inovação, energia limpa e educação, com alguns níveis de ensino superior se tornando gratuitos. 

Pence usou essa questão a seu favor, dizendo aos eleitores que Biden irá aumentar os impostos. Harris retrucou e ressaltou que ninguém que ganhe menos de 400 mil dólares por ano sofrerá um aumento da carga fiscal. 

Durante os 90 minutos do debate, moderado pela jornalista Susan Page, Pence interrompeu Harris algumas vezes, levando-a a reclamar para que ele a deixasse completar a fala. O tom da discussão, no entanto, foi bem menos acirrado que o do debate presidencial.

Page tentou fazer com que os candidatos cumprissem as regras acordadas antes do início, mas não conseguiu que ambos respondessem diretamente a algumas perguntas. 

Em vários momentos, Pence usou o tempo de resposta para direcionar a discussão para outros temas, se esquivando, por exemplo, de responder a questões sobre o estado de saúde de Trump, que foi diagnosticado com covid-19 e precisou ser internado por três dias.

Harris também evitou a pergunta sobre se ela e Biden vão tentar aumentar o número de assentos na Suprema Corte dos EUA, caso a candidata nomeada por Trump, Amy Coney Barrett, seja confirmada antes das eleições. 

Resultado eleitoral

Ao ser questionado sobre seu papel se Trump fosse derrotado nas eleições e se recusasse a aceitar o resultado, Pence não se comprometeu com uma transferência pacífica de poder.

"Em primeiro lugar, penso que vamos vencer esta eleição", afirmou, acusando os democratas de não terem aceitado a vitória de Trump em 2016, numa referência ao processo de impeachment aberto pelo partido no final de 2019 e à investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa na campanha de 2016.

Sem provas, Pence adotou a estratégia de Trump de colocar dúvidas sobre a integridade dos votos por correspondência e disse que isso poderia levar a fraudes em massa, algo que especialistas descartam.

O debate abordou ainda as mudanças climáticas e a reforma na polícia devido às tensões raciais geradas pela morte de George Floyd, deixando claro as diferenças nas propostas e linha de atuação dos partidos. Enquanto Harris defendeu a luta contra a violência policial, Pence negou a existência de um racismo sistêmico na instituição.

Os próximos debates entre Biden e Trump estão marcados para 15 e 22 de outubro. Apesar da doença do presidente, nenhum dos dois eventos foi cancelado até o momento. Trump disse que pretende comparecer aos debates, mas Biden afirmou que só irá se seu adversário tiver testado negativo para a covid-19.

CN/ap/lusa/ots