Panes inacreditáveis nas obras do aeroporto de Berlim
Desde o início das obras, há dez anos, erros de projeto e falhas de execução vêm atrasando a abertura do BER, na capital alemã. Veja os principais desastres.
Cinco anos de atraso... até agora
A inauguração do novo aeroporto de Berlim estava inicialmente prevista para 30 de outubro de 2011. A meta não se concretizou quando uma das empreiteiras faliu. A abertura foi adiada quatro vezes, seja por o sistema anti-incêndios não funcionar ou o telhado ameaçar ruir. Milhares de falhas atrasaram a tão esperada construção do BER. Agora, a inauguração está prevista para o final de 2017.
Perigo de incêndio
O maior problema do novo aeroporto é o sistema anti-incêndio. As leis de segurança alemãs são rígidas, mas o excesso de burocracia também não explica as deficiências na obra. O sistema de ventilação, por exemplo, não funcionava corretamente de início por um erro dos arquitetos, que queriam canalizar a fumaça por debaixo do saguão do aeroporto. Corrigir esse equívoco foi complicado e custoso.
Espaguete de cabos
Outro problema da segurança é a grande quantidade de cabos superpostos. Na ampliação dos terminais, as firmas foram simplesmente colocando mais e mais fios nas linhas, até elas ficarem superlotadas. O acúmulo de calor resultante é perigoso, podendo causar incêndios. Como mais tarde se constatou, grande parte dos cabos foi colocada de forma aleatória, sem planejamento nem consulta prévia.
Escadas curtas demais
Como quem viaja por um aeroporto internacional geralmente carrega malas pesadas, sistemas de transporte são uma necessidade absoluta. No BER, as escadas rolantes entre o terminal de embarque e a estação ferroviária subterrânea ficaram alguns degraus curtas demais. Também as esteiras de bagagem eram insuficientes – em número e extensão.
Mais de mil árvores erradas
Também na arborização houve panes: 1.036 tílias de um tipo diferente do previsto foram plantadas. Segundo a mídia, os jardineiros haviam feito a encomenda errada: em vez da espécie alemã mais selvagem, uma holandesa, cultivada. Acabaram sendo removidas 600 árvores. Enquanto isso, as ervas daninhas aproveitam os atrasos para ir se alastrando.
Indicações para confundir
Quase um terço das 4 mil salas trazia indicações erradas: até as portas tinham números incorretos. Por quê? Falhas de comunicação: havia modificações constantes no projeto, sem o devido acompanhamento e catalogação. Também aqui, potencial para catástrofes, já que a identificação correta das portas é imprescindível para o trabalho de bombeiros, policiais e equipes médicas.
Explosão de gastos
Oficialmente, a previsão de gastos do início ao fim da obra já aumentou de 2 bilhões para 5,4 bilhões de euros. O aeroporto terá o nome do ex-chanceler federal e ex-prefeito de Berlim Willy Brandt. Ele está sendo construído no local do aeroporto Schönenfeld, no sudeste da cidade, na antiga Alemanha Oriental, assumindo também as operações do Tegel e do Tempelhof, já fechado.
Corrupção também
O ex-diretor técnico do aeroporto foi condenado por ter recebido 500 mil euros em propinas. Além disso, descobriu-se que quem assinou o plano de segurança nem era engenheiro, apenas desenhista técnico. Segundo os críticos, esse tipo de envolvimento de pessoal não qualificado é a principal causa dos fiascos no futuro aeroporto internacional de Berlim.
Cadê os responsáveis?
Em três anos, quatro responsáveis pelas obras largaram o posto. Foi o caso de Hartmut Mehdorn (esq.), também ex-chefe da companhia ferroviária Deutsche Bahn. Uma comissão de inquérito, encarregada de investigar causas, consequências e responsabilidades do aumento de custos e atrasos nas obras do BER, chegou à conclusão de que houve uma "perda coletiva de noção da realidade".