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Gesto de aproximação

(as)30 de novembro de 2006

Visita de Bento 16 à Mesquita Azul é a segunda de um sumo pontífice em toda a história. Papa e patriarca ecumênico Bartolomeu 1º defendem aproximação entre as Igrejas Católica e Ortodoxa.

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Bento 16 e o patriarca Bartolomeu 1º durante cerimônia religiosa em IstambulFoto: AP

No terceiro dia de sua viagem à Turquia, o papa Bento 16 visitou a famosa Mesquita Azul de Istambul, em mais um gesto de reconciliação entre a Igreja Católica e o mundo islâmico depois das controversas declarações de Regensburg, na Alemanha, em setembro passado. Na época, o discurso do papa causou protestos em todo o mundo, inclusive na Turquia.

A visita de Bento 16 é a segunda de um papa a uma mesquita em toda a história. Em 2001, o papa João Paulo 2º esteve numa mesquita em Damasco, a capital da Síria. Quando era cardeal, Bento 16 foi a uma mesquita em Jerusalém.

Gesto de respeito

Antes de entrar no templo, o papa tirou seus sapatos, a exemplo do que fazem os fiéis islâmicos. Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, foi um "gesto de respeito" com o islamismo. Bento 16 foi acompanhado pelo grande mufti de Istambul, Mustafá Cagrici.

Antes de visitar a Mesquita Azul, o líder da Igreja Católica esteve no museu Hagia Sofia, uma antiga igreja bizantina construída há cerca de 1500 anos. O papa foi acompanhado por um grande esquema de segurança. Do lado de fora, cerca de 150 pessoas protestaram contra a presença do Sumo Pontífice.

Igreja Ortodoxa

A aproximação entre as igrejas cristãs também esteve no centro da visita de Bento 16 a Istambul. O papa e o patriarca ecumênico Bartolomeu 1º, líder da Igreja Ortodoxa, defenderam a aproximação entre as duas Igrejas. Ambos assinaram uma declaração conjunta, na qual defendem a "completa reconstrução da unidade" cristã.

Bento 16 se mostrou ainda disposto a manter conversações com os ortodoxos sobre o "exercício do papado". A proposta foi considerada um passo importante na aproximação entre as duas Igrejas, já que o não-reconhecimento do papa pelos ortodoxos é o principal obstáculo na reaproximação entre católicos e ortodoxos.

Segundo Bento 16, a divisão das igrejas cristãs é "um escândalo para o mundo". Os líderes religiosos também se referiram à importância das raízes cristãs da Europa, mas ressaltaram que a cultura européia deve se manter aberta às contribuições de outras religiões e culturas.

O início do terceiro dia da viagem do papa à Turquia foi marcado por uma cerimônia na Igreja Patriarcal de São Jorge, celebrada por Bento 16 e pelo patriarca ecumênico Bartolomeu 1º.