Paquistão reabre rotas de abastecimento para tropas da Otan
4 de julho de 2012O Paquistão concordou em reabrir as rotas de abastecimento da Otan que levam ao Afeganistão, as quais haviam sido fechadas após um bombardeio aéreo dos Estados Unidos perto da fronteira, em novembro passado. No ataque foram mortos 24 soldados paquistaneses.
A decisão foi tomada durante um encontro do Comitê de Defesa do Gabinete do Paquistão, do qual participam militares de alta patente e agentes do governo, e anunciada num comunicado da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
"Eu transmiti nossas sinceras condolências às famílias dos soldados que perderam suas vidas", diz a mensagem. "O ministro do Exterior [Hina Rabbani] Khar e eu reconhecemos os erros que resultaram na perda da vida desses militares paquistaneses", afirma Clinton.
O comunicado é, até hoje, o que mais se aproxima de um pedido formal de desculpas pelo governo do presidente Barack Obama. O embaixador paquistanês nos EUA expressou simpatia pela nota assinada por Clinton, dizendo esperar que os "laços bilaterais podem melhorar a partir de agora". O pedido era uma das condições impostas pelo governo de Islamabad para a reabertura das rotas.
Os planos de retirada da maioria das tropas da Otan que ainda restam no Afeganistão até o fim de 2014 fizeram com que a reabertura desses caminhos se tornasse urgente.
Países membros da Otan que têm soldados servindo no Afeganistão como parte da Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf, sigla em inglês) tinham como prioridade a reabertura das rotas dentro do Paquistão, pois o uso de rotas alternativas para abastecer as tropas fizeram com que os gastos praticamente dobrassem.
Durante os últimos sete meses foram usados acessos ao Afeganistão pela Rússia e pela Ásia Central, e foram realizados até mesmo abastecimentos aéreos. Segundo o Pentágono, os custos chegaram a 100 milhões de dólares por mês. Com a reabertura das rotas, Washington vai liberar ao governo paquistanês 1,1 bilhão de dólares como ajuda militar.
Visita alemã
Nesta terça-feira (03/06), o ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, havia falado sobre a questão durante uma visita surpresa a Kunduz, no norte do Afeganistão. Durante seu discurso para soldados das Forças Armadas da Alemanha, realizado antes do anúncio da reabertura das rotas, De Maizière afirmou que o departamento alemão de defesa vinha trabalhando seu plano para retirada de tropas e de equipamentos por via aérea ou pelo norte do país. Ele descreveu o plano como sendo "logisticamente complicado".
As forças alemãs começaram a preparar sua retirada do Afeganistão no começo do ano. O número de soldados no país, que já chegou a 5.350, é hoje de 4.800. De Maizière realizou sua sétima visita ao Afeganistão durante os 16 meses em que se encontra no cargo. Ele ressaltou que houve queda no número de ataques no Afeganistão nos últimos dois anos.
"Estamos praticamente no nível que observamos em 2009. Não é exatamente o que chamamos de uma situação de segurança estável, mas é certamente um progresso", declarou.
MSB/rtr/ap/afp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler