Para Berlim, testes norte-coreanos são "provocação irresponsável"
4 de outubro de 2006A comunidade internacional recebeu com apreensão a notícia divulgada na terça-feira (03/10) pelo governo de Pyongyang de que a Coréia do Norte pretende realizar um teste nuclear. A iniciativa, segundo o governo comunista do ditador Kim Jong Il, visa a reforçar a defesa do país contra o que considera "um aumento das hostilidades dos Estados Unidos".
O governo de Pyongyang garantiu que o teste "é uma medida para garantir a paz e a estabilidade na região". Observadores acreditam que, com o anúncio, a Coréia do Norte pretende arrancar concessões dos Estados Unidos – acima de tudo, negociações diretas, rejeitadas várias vezes por Washington nos últimos anos.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, pediu a desistência dos testes e a retomada das chamadas "negociações das seis partes", de que participam as duas Coréias, Japão, Estados Unidos, China e Rússia.
Ameaça à estabilidade da região
Martin Jäger, porta-voz do governo alemão, disse que Berlim considera o anúncio "uma provocação irresponsável, que nos enche de preocupação". Tais testes ameaçam a estabilidade da região, acrescentou.
Também a União Européia (UE) reagiu "com grande preocupação". Em comunicado, a Finlândia, país que neste semestre preside a UE, condenou o anúncio da Coréia do Norte, classificando-o de irresponsável. "Este anúncio acirra as tensões e corrói a estabilidade na região."
Durante a reunião dos ministros da Defesa da UE, na Finlândia, o chefe da diplomacia do bloco, Javier Solana, considerou como "má notícia" o anúncio norte-coreano. A França exigiu que Pyongyang desista do teste, enquanto o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, lembrou que a Coréia do Norte já em outras ocasiões anunciou testes com mísseis, que acabaram não acontecendo.
Negociações estagnadas
Da mesma forma como acontece com o Irã, o conflito em torno do programa nuclear norte-coreano persiste há anos. Em suas negociações, a Coréia do Sul, China, Rússia, Japão e EUA tentam há três anos convencer a Coréia do Norte a desistir de seu programa nuclear. As negociações, no entanto, estão estagnadas desde novembro de 2005. A condição imposta por Pyongyang para voltar a conversar é o fim das sanções econômicas impostas ao país.
Na opinião de Martin Fritz, correspondente em Tóquio da emissora alemã NDR, a Coréia do Norte está sob pressão, depois do teste fracassado de julho último. Na ocasião, o protótipo de um míssil de longo alcance explodiu no ar alguns minutos após seu lançamento.
Isto endossou as suspeitas de que a Coréia do Norte dispõe apenas de plutônio para armamentos atômicos, e não de armas nucleares, como vem afirmando desde fevereiro de 2005, quando se declarou potência nuclear.