Parciais indicam vitória do partido do governo na África do Sul
8 de maio de 2014Apesar da queda na preferência do eleitorado, o partido do governo, Congresso Nacional Africano (CNA), lidera as eleições parlamentares na África do Sul, de acordo com resultados parciais. Após a contagem de cerca de 30% das cédulas, o CNA detinha cerca de 58% dos votos na manhã desta quinta-feira (08/05), quase oito pontos percentuais a menos em relação ao resultado da eleição anterior. Em 2009, a legenda conquistou 65,9% dos votos.
Segunda colocada, a Aliança Democrática detinha cerca de 28%, quase duplicando seu resultado anterior. O recém-fundado Economic Freedom Fighters, de esquerda, mantinha a terceira posição, com cerca de 4%.
A participação dos eleitores foi considerada "extremamente alta", especialmente nas grandes cidades, segundo a comissão eleitoral independente Vote Watchdog. O resultado final é esperado somente para sexta-feira.
O CNA tinha entrado na campanha como claro favorito, e um resultado abaixo de 60% será considerado um revés, colocando em questão a liderança do presidente sul-africano, Jacob Zuma. No país, o presidente é eleito pelo Parlamento, e Zuma provavelmente conseguirá se reeleger para mais cinco anos de mandato.
Críticas ao CNA
Nos últimos anos, vem crescendo as críticas ao CNA, que governa o país desde o fim do apartheid, em 1994. O descontentamento é embalado por uma taxa de desemprego de 24%, um grande abismo entre ricos e pobres, e a percepção da opinião pública de que muitos líderes políticos estão interessados, principalmente, em enriquecer.
Em Joanesburgo, houve tumultos violentos na noite anterior à eleição. Em Bekkersdal, no nordeste do país, moradores bloquearam ruas com pneus em chamas, de acordo com a polícia. A mídia sul-africana informou que em pelo menos um local de votação ocorreu um atentado incendiário. Carros da polícia foram apedrejados. Bekkersdal é um dos povoados com altas tensões sociais para onde o Exército havia sido enviado antes das eleições, visando evitar tumultos.
Tutu descartou voto no governo
O Prêmio Nobel da Paz Desmond Tutu disse, depois de votar na Cidade do Cabo , ser "maravilhoso poder votar de forma relativamente pacífica, ao contrário de outros países". O ex-arcebispo anglicano havia afirmado antes da eleição que, "numa sociedade em que crianças vão para a cama com o estômago vazio", ele não iria votar no CNA desta vez.
O presidente Zuma votou em sua cidade de origem, Nkandla. O local tornou-se sinônimo de enriquecimento ilícito de ex-combatentes do apartheid hoje no poder. Zuma, que esteve preso em Robben Island entre 1963 e 1973, juntamente com Nelson Mandela, é acusado de reformar sua residência privada usando dinheiro do contribuinte, em obras que custaram o equivalente a 15 milhões de euros. O prédio dispõe hoje de heliporto, anfiteatro e clínica privada.
MD/afp/dpa