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Parlamento britânico vê fraude em petição por novo referendo

26 de junho de 2016

Câmara dos Comuns afirma que eliminou 77 mil assinaturas consideradas falsas. Autor da petição se declara a favor do Brexit e diz que seu objetivo era impedir vitória do outro lado.

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Manifestantes contrários ao Brexit protestam em LondresFoto: Getty Images/AFP/J. Tallis

A comissão de petições da Câmara dos Comuns afirmou neste domingo (26/06) que eliminou 77 mil assinaturas fraudulentas da petição online que pede ao Parlamento para que o Reino Unido faça um novo referendo sobre a permanência do país na União Europeia (UE).

A presidente da comissão, Helen Jones, afirmou que o tema está sendo tratado com muita seriedade e continuará investigando a procedência das assinaturas, que já passam de 3,3 milhões. "As pessoas que acrescentam assinaturas falsas deveriam saber que estão sabotando a causa que pretendem defender", afirmou Jones em sua conta no Twitter.

O site de petições da Câmara dos Comuns pede que o votante confirme ser britânico, mas nenhuma verificação é feita nem é exigida alguma prova. Segundo a imprensa britânica, milhares de assinaturas tinham como origem países estrangeiros.

De acordo com o jornal The Telegraph, 39.411 habitantes da Cidade do Vaticano teriam assinado a petição apenas na manhã deste domingo, apesar de a cidade-Estado não contar com mais de 800 habitantes.

Na isolada Coreia do Norte, um dos países do mundo com menos ligações à internet, 23.778 pessoas teriam dado o seu aval à petição.

Locais sem habitantes permanentes, como os territórios britânicos ultramarinos da Geórgia do Sul e das Ilhas Sandwich, situados ao sul das Ilhas Malvinas, geraram mais de 3 mil assinaturas, cerca de 300 mais do que as provenientes do Território Antártico Britânico, onde vivem cerca de 400 cientistas.

A petição, criada no site do Parlamento por um cidadão que se identificou como William Oliver Healey, já é a que reuniu mais assinaturas na história parlamentar britânica. O curioso é que Healey veio a público para declarar que é a favor do Brexit.

Em sua conta no Facebook, ele explicou que iniciou a petição antes da consulta por temer que a vitória seria do campo favorável à permanência na UE. O objetivo dele era torná-la mais difícil. "Com o resultado, a petição foi sequestrada pela campanha favorável à permanência", lamentou Healey, que reiterou seu apoio ao Brexit.

Vários políticos e analistas descartaram a realização de outro referendo e disseram que a petição não tem efeito prático, pois pede a aplicação retroativa de uma lei. O especialista John Curtice advertiu que a petição "não significa nada", pois 3 milhões ainda é muito menos que os 17,4 milhões que votaram pelo Brexit e também que os 16,1 milhões favoráveis à permanência.

AS/efe/lusa