Parlamento da Turquia aprova ações militares na Síria
4 de outubro de 2012A Turquia voltou a atacar alvos na Síria nesta quinta-feira (04/10), um dia após vários tiros de morteiro atingirem a localidade turca de Akçakale, situada em frente do posto fronteiriço sírio de Tel Abyad. O local foi palco recente de combates entre as tropas leais presidente sírio, Bashar al-Assad, e os rebeldes do Exército Sírio Livre.
Em resposta ao ataque sírio, o governo turco bombardeou alvos militares na Síria, pediu uma reunião extraordinária da Otan e anunciou para esta quinta um pedido de autorização ao Parlamento turco para realizar operações militares na Síria. O pedido foi autorizado logo em seguida pelo Parlamento.
Os ataques da Turquia resultaram em vários soldados sírios mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, grupo oposicionista baseado em Londres. O ataque turco ocorreu em resposta a um ataque com morteiros vindo da Síria e que causou a morte de cinco civis turcos.
"A Turquia não tem interesse numa guerra com a Síria. Mas somos capazes de defender nossas fronteiras e vamos retaliar quando for necessário", disse Ibrahim Kalin, um conselheiro do primeiro-ministro Tayyip Erdogan. "Iniciativas políticas e diplomáticas vão continuar", afirmou.
A Rússia, tradicional aliada da Síria, disse que o governo em Damasco assegurou que ataque foi um acidente e que ações semelhantes não voltarão a acontecer.
Este é o pior incidente fronteiriço desde o início do levante popular na Síria, há 18 meses.
Reunião de emergência
O parlamento turco reuniu-se nesta quinta em caráter de urgência para autorizar formalmente as Forças Armandas a conduzir operações em território sírio. Segundo a agência de notícias Anadolu, o pedido foi aprovado.
Os deputados turcos debaterem um texto proposto pelo governo islâmico-conservador que estipula que, se necessário, o executivo poderá ordenar operações armadas na Síria. A justificativa é que "as atividades hostis visando o território turco estão a ponto de se tornarem um ataque militar e por isso podem ameaçar a segurança nacional". A autorização parlamentar é válida por um ano.
A Constituição turca prevê que qualquer operação militar externa seja previamente autorizada pelos parlamentares.
Carta à ONU
A Turquia também levou o incidente ao Conselho de Segurança da ONU, qualificando-o de "ato de agressão". Em carta do embaixador turco na ONU, Ertugul Apakan, dirigida ao secretário-geral Ban Ki-moon e ao embaixador da Guatemala, Gert Rosenthal (cujo país preside ao Conselho de Segurança em outubro), o governo em Ancara qualifica o incidente de "ato de agressão da Síria contra a Turquia".
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Revisão: Alexandre Schossler