Parque sem fronteiras
28 de agosto de 2004
Ao norte da cidade de Görlitz, estende-se por ambos os lados da fronteira com a Polônia, pelas várzeas do Rio Neisse e as colinas da região de Bad Muskau, um parque de 750 hectares que encanta pela variedade de seu paisagismo, atraindo ao ano cerca de 200 mil visitantes.
Dividido em conseqüência da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, o parque conseguiu manter sua unidade ao longo das décadas, tendo se transformado mesmo, desde a década de 90, num modelo de cooperação entre alemães e poloneses empenhados em sua manutenção. Os esforços foram coroados em julho de 2004, quando a Unesco aprovou a proposta de uma comissão binacional e incluiu o parque que os alemães conhecem sob o nome de seu idealizador, o príncipe Pückler, na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade.
Até recentemente, visitantes que quisessem passar de uma margem à outra precisavam enfrentar as filas de carros na única passagem fronteiriça. Uma ponte para pedestres inaugurada em outubro de 2003 permite agora passear a pé e sem interrupções pelos dois lados do amplo parque.
A "parcomania" do príncipe
Em 1811, o príncipe Hermann Pückler-Muskau (1785–1871) herdou a propriedade de sua família. Fascinado pelos jardins e parques ingleses, ele logo começou a transformar as várzeas do Neisse e as colinas das redondezas, criando novas paisagens. Chegou a escrever um livro sobre suas idéias de paisagismo.
Os investimentos altíssimos logo consumiram sua fortuna e a de sua esposa, Lucie. Ambos chegaram a entrar com pedido de divórcio, para que ele pudesse encontrar um nova esposa abastada. Viajou para a Inglaterra com esta intenção, mas sua fama o havia precedido, impedindo que ele encontrasse uma mulher disposta a se casar com ele.
Em 1845, em dificuldades financeiras, ele vendeu o parque em Muskau e se retirou com Lucie para uma outra propriedade que tinha herdado, em Branitz, nas proximidades de Cottbus, onde – naturalmente – construiu um novo parque.
Por sorte, seus seguidores em Muskau, o príncipe Frederico dos Países Baixos e o conde von Arnim, concluíram o parque e o mantiveram até 1945, quando o conde foi desapropriado. Nos tempos da República Democrática Alemã, o parque era mantido pela prefeitura, tendo passado a ser propriedade do Estado da Saxônia, já após a reunificação, em 1992. No ano de 1993 foi constituída uma fundação, que se responsabiliza pela manutenção do parque e o saneamento dos edifícios históricos.