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Países emergentes reduziram dívida pública pela metade em dez anos

6 de novembro de 2012

Grupo dos dez maiores países emergentes – entre eles o Brasil – reduziu claramente dependência do capital externo. Em comparação, países industrializados viram seu endividamento público aumentar de 80% para 120% do PIB.

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Foto: Fotolia/Dmitriy Shpilko

Nos anos 1990, quase todos os maiores países emergentes do mundo passaram por pelo menos uma crise financeira. A Índia foi a primeira. De 1989 até 1991, altos gastos públicos e baixa arrecadação levaram o país a uma crise econômico-financeira com os habituais sintomas: inflação alta e endividamento público crescente. A fuga do capital estrangeiro e a dificuldade para obter recursos fizeram com que o crédito do país quase fosse classificado como título podre. 

Em dezembro de 1994, o governo do México não conseguiu manter a paridade do peso com o dólar, o que levou o país a uma crise de confiança dos investidores. Como consequência, houve uma massiva retirada de capital internacional do país. A falta de dinheiro disponível no mercado deixou as empresas mexicanas em dificuldade, o que depois se transformou em uma crise econômica geral, apelidada de "Efeito Tequila".

Symbolbild Eurozeichen mit Rost
Média de endividamento em países desenvolvidos já é superior ao PIBFoto: Fotolia/K.F.L.

Em 1997, Coreia do Sul e Indonésia entraram em dificuldades, e em 1998 foi a vez do Brasil e da Rússia. A falência do Estado argentino no ano de 2001 foi o maior calote já registrado até hoje. Resumo: dos dez maiores países emergentes, também chamados de EM-10 no jargão econômico, somente a China e a Arábia Saudita conseguiram evitar uma crise financeira no final do século 20.

Nova fase

Mas os tempos de crise ficaram para trás. "Devido à melhora na situação das dívidas pública e externa nos dez maiores mercados emergentes do mundo, crises de endividamento e na balança de pagamentos pertencem ao passado", resume Markus Jäger, que pesquisou o panorama da dívida desses países para o Deutsche Bank. 

"A dívida pública dos dez maiores países emergentes foi reduzida pela metade desde o ano 2000 e passou de 50% para 25% do Produto Interno Bruto (PIB), em média. O endividamento dos países do G7 – os sete países mais industrializados do mundo –, em contrapartida, aumentou de quase 80% para cerca de 120% do PIB", afirmou Jäger.

A Indonésia registrou uma queda da dívida pública de 95% para 25% do PIB. Na Arábia Saudita, o endividamento público recuou de 87% para apenas 8% do PIB. Com quase 70%, Brasil e Índia possuem as maiores dívidas públicas entre os países do EM-10. Ainda assim, a taxa fica bem abaixo da média dos países industrializados.

Além disso, a dívida pública dos dois países é quase toda em moeda nacional, e grande parte dos títulos estão nas mãos de investidores dentro do próprio país. Isso faz com que Brasil e Índia sejam muito menos vulneráveis às oscilações internacionais de câmbio.

Maior participação internacional

De fato, a posição dos países emergentes no mercado internacional melhorou significativamente. "A dívida externa líquida média diminuiu de mais de 30% do PIB no final da década de 1990 para menos de 10% do PIB atualmente", calcula Markus Jäger. "Os países do EM-10 são muito mais integrados à economia mundial agora do que eram há dez anos", frisa.

Porém, há o lado negativo: a forte integração dos países emergentes no mercado mundial "fez com que eles ficassem mais sensíveis a choques externos, como mostram a crise financeira internacional de 2008 e a atual crise do euro", afirma Jäger.

Symbolbild Europa Wirtschaft Export
Dívida pública nos países do EM-10 concentra-se nas mãos de investidores internosFoto: Fotolia

Contudo, a melhora nas condições econômicas deu a esses países uma maior margem de manobra político-econômica. "A maioria dos países pode agora reagir a choques no crescimento e adotar uma política econômica anticíclica." A moderada dívida pública permite a esses países não só evitar uma potencial crise de cortes no orçamento como também, se for preciso, obter dinheiro para injetar na economia.

O pesquisador resume a situação da seguinte forma: "os grandes mercados emergentes registram uma considerável melhora na situação financeira, não só comparado aos países industrializados, mas de forma absoluta." Em contrapartida, de acordo com os atuais prognósticos, os países do G7 devem chegar à metade da década com um endividamento cerca de seis vezes mais alto do que os países do EM-10.

Autor: Rolf Wenkel (fc)
Revisão: Francis França