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Pequim desvaloriza moeda pelo segundo dia seguido

12 de agosto de 2015

Em dois dias, governo chinês impõe maior depreciação do yuan em mais de 20 anos, em decisão que preocupa mercados e pode gerar tensão com EUA. Bolsas asiáticas e moedas emergentes já sentem os efeitos da medida.

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Foto: Fotolia/Roman Sigaev

Bolsas de valores asiáticas e moedas de países emergentes caíram, nesta quarta-feira (12/08), devido à queda das commodities depois que a China forçou a desvalorização do yuan em relação ao dólar americano pelo segundo dia consecutivo. O efeito cascata pode ser sentido ao redor do mundo.

O banco central da China definiu a taxa média abaixo da taxa de mercado do fechamento de terça-feira, que já havia caído após a China ter desvalorizado sua moeda em 1,9%. A redução marca a maior desvalorização diária do yuan desde 1994.

A fixação diária do estritamente controlado yuan, que é executada pelo governo chinês, definiu nova desvalorização da moeda em 1,62% – se na terça-feira o yuan estava em 6,2298 para cada dólar americano, a relação subiu para 6,3306.

A desvalorização de terça-feira – a maior também desde 2005, quando a China definiu uma chamada "paridade central" entre yuan e dólar americano – levantou preocupações sobre a saúde da segunda maior economia do mundo. Muitas empresas ocidentais já têm relatado desaceleração das vendas na China e que a economia do gigante asiático estaria desacelerando.

Repercussões globais

Ações, moedas e commodities ficaram sob forte pressão de venda enquanto gestores pesavam as implicações da recente cartada política do governo chinês. Moedas de mercados emergentes como de Indonésia e Brasil cambalearam, com investidores temendo que bancos centrais de todo o mundo fossem enfraquecer suas moedas em resposta à medida chinesa.

As autoridades chinesas mantêm um controle rígido sobre o yuan, permitindo que o comércio seja realizado somente dentro de uma escala limite de 2% em relação à taxa de referência diária. A prática é vista como uma forma de ajudar a impulsionar as exportações, tornando-as mais competitivas.

O banco central chinês justificou as medidas como uma reforma de livre-mercado, mas especialistas suspeitam que possa ser o início de uma manobra de longo prazo na taxa de câmbio. A medida também pode ter motivos estratégicos, com a China procurando reformar a sua política monetária num esforço para incluir o yuan entre no pacote de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Mas o FMI tem se mostrado pouco receptivo à iniciativa, alegando ser verdade que yuan cumpre os critérios de ser uma moeda utilizada em larga escala para exportações, mas que outras exigências seguem problemáticas.

Entre elas está o rígido controle do câmbio por Pequim, o que tem sido um incômodo para os Estados Unidos, maior contribuidor do FMI. Washington há muito tempo acusa a China de manter o yuan desvalorizado para impulsionar as exportações, afirmando que a prática é desleal e prejudica a sua balança comercial.

A desvalorização do yuan impõe um dilema para o governo Barack Obama, que vem apostando, nos últimos anos, numa diplomacia silenciosa para tentar dissuadir Pequim a liberalizar sua política monetária.

A última alteração no grupo de moedas incluídas na reserva monetária do FMI foi em 2000, quando o euro substituiu o franco francês e o marco alemão.

PV/afp/rtr