Perspectiva sombria para escolas: faltam professores
27 de outubro de 2005Já agora, a situação deixa a desejar: no ano letivo iniciado no segundo semestre deste ano, há falta de 10 mil profissionais do ensino em todo o país.
A situação é dramática em especial nas regiões rurais do Oeste alemão, onde praticamente todos os tipos de escolas e de disciplinas – sobressaindo-se as ciências exatas – sofrem por não haver um número suficiente de professores qualificados para dar as aulas previstas nos currículos.
Mas o déficit se registra também nos Estados que passaram a integrar o território alemão após a reunificação do país em 1990. Só que lá o peso recai mais sobre as línguas estrangeiras.
Lacuna de 80 mil
Segundo cálculos recentes do DPhV (Deutscher Philologen-Verband, a mair entidade de classe dos professores de ensino médio), 40% dos atuais 785 mil professores em atividade na Alemanha deverão se aposentar no espaço de dez anos.
Pelo menos 290 mil precisariam ser contratados para compensar as faltas. No entanto, previsivelmente apenas 210 mil pessoas completarão estudos de magistério nesse período.
Essa lacuna de 80 mil dificilmente conseguirá ser fechada, porque os estudos para o magistério duram em média oito anos. As perspectivas se tornam mais sombrias ainda quando se considera que são poucos os jovens na Alemanha que se sentem atraídos pela profissão de professor.
Falta de visão dos políticos
O ensino na Alemanha é atribuição dos Estados federados e, assim, é a eles que Heinz-Peter Meidinger, presidente do DPhV atribui, em parte, a responsabilidade pelo impasse criado.
"Grande parte da culpa cabe à classe política, que em nenhum dos Estados demonstrou ter visão no que diz respeito ao pessoal neste setor. Já há cinco ou sete anos, teria sido preciso tomar medidas para reverter a situação, mas não aconteceu nada."
Meidinger refere-se ao fato de que há anos, se não décadas, diminuiu sensivelmente o número de contratações e de efetivações para o cargo de professor e como o ensino na Alemanha é ministrado quase que exclusivamente em escolas públicas, teria sido tarefa das secretarias estaduais de Educação manter um ritmo de renovação mais constante.
"Se nós começarmos a contratar agora de uma vez em grande quantidade porfessores jovens, daqui a 30 anos vamos ter de novo o mesmo problema, de todos se aposentarem ao mesmo tempo", alerta ainda Meidinger.
Por isso, uma das sugestões da associação que dirige é que se tente reconquistar para o magistério pessoas de uma certa idade que tenham se candidatado sem sucesso há anos, quando as vagas estavam praticamente fechadas.
Isso contribuiria para uma estrutura etária mais diversificada e um ritmo mais equilibrado entre aposentadorias e novas contratações.
Outras saídas, na opinião do DPhV, seriam incentivar universitários a optarem pela licenciatura, encurtar a duração dos estudos e possibilitar o magistério a pessoas provenientes de outras profissões.
Melhoria do clima social
Nas décadas passadas, não foi apenas a falta de perspectiva profissional que fez com que um número cada vez menor de universitários se interessasse pela carreira de professor. A própria profissão perdeu em prestígio. Para aumentar de novo sua atratividade, seria preciso melhorar o clima social nas escolas, segundo o DPhV.
Candidatos ao magistério precisariam ser mais bem preparados para o exercício da profissão por meio de maior atenção à experiência prática durante os estudos. A Universidade de Potsdam, que há seis anos se dedica ao estudo da saúde psíquica dos professores, observa que, para 30% dos professores, o magistério implica risco para a saúde.
Alunos problemáticos, classes grandes demais e a carga horária são os fatores de que os mestres mais se queixam.