PF cumpre mandados em caso de vacinação falsa de Bolsonaro
4 de julho de 2024A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (04/06) a segunda fase da Operação Venire, que apura inserção de dados falsos nos registros de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, incluindo a suposta fraude nos cartões de vacinação da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no final de 2022.
Os alvos da operação são o ex-prefeito de Duque de Caxias e atual secretário de Transportes do Estado do Rio de Janeiro, Washington Reis (MDB), e Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde do município. Segundo a PF, eles estariam entre os responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação no sistema.
Em nota, a PF informou que estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A corporação afirma que apura a existência de uma associação criminosa responsável por crime de inserção de dados falsos de vacinação no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
Investigações da PF apontam que o suposto esquema de fraude de vacinas em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ocorria através de encomenda, mediante pagamento ou interferência política e tráfico de influência.
Em outras buscas, a PF identificou a existência de outros beneficiários do suposto esquema de falsificação de cartão de vacina em Duque de Caxias que não teriam qualquer relação com Bolsonaro.
Os investigadores suspeitam que o esquema não teria sido criado exclusivamente para beneficiar o ex-presidente e aliados, mas já existiria antes.
Primeira fase teve operação contra Bolsonaro
A primeira fase da Operação Venire foi deflagrada em maio do ano passado. À época, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, foi preso. Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido pela PF na residência do ex-presidente, em Brasília.
A operação investiga a adulteração no cartão de vacina de Bolsonaro, da filha do ex-presidente, Laura, e de Mauro Cid. A imunização teria sido feita na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque Peruche, em São Paulo, no dia 19 de julho de 2021.
De acordo com a prefeitura de São Paulo, apesar de haver registro no sistema com o CPF de Bolsonaro, a UBS nunca atendeu o ex-presidente, nem recebeu o lote da vacina citado no registro. Além disso, a profissional registrada como vacinadora nunca trabalhou na unidade mencionada.
Ainda à época, o Ministério da Saúde informou que todas as informações inseridas no sistema de registro de imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS) são rastreáveis e feitas mediante cadastro. Segundo a pasta, não houve relato de invasão externa ou de acesso sem cadastro ao sistema no período investigado pela PF.
Em depoimento à PF no ano passado, o ex-presidente Bolsonaro negou ter conhecimento sobre inserção de dados falsos em sua carteira de vacinação e alegou que, se Mauro Cid adulterou cartões, foi à sua revelia.
md/ra (EBC, ots)