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PF prende general Braga Netto no inquérito do golpe

Publicado 14 de dezembro de 2024Última atualização 14 de dezembro de 2024

Ex-ministro da Casa Civil e da Defesa foi candidato a vice de Bolsonaro. Indiciado por tentativa de golpe de Estado, ele estaria atuando para obstruir investigações.

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General Walter Souza Braga Netto
Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, general Walter Souza Braga NettoFoto: picture alliance/AP/E. Peres

A Policia Federal (PF) prendeu preventinamente na manhã deste sábado (14/12) o general da reserva Walter Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL) na chapa da campanha presidencial de 2022. Ele é alvo do chamado inquérito do golpe. A PF realiza buscas na casa do militar.

Braga Netto foi preso no Rio, em Copacabana, e enviado ao Comando Militar do Leste, onde está sob custódia do Exército. Ele passou por audiência de custódia no Supremo Tribunal Federal (STF) e teve sua prisão mantida por um juiz auxiliar. 

Em nota, a PF informou que foram cumpridos neste sábado um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão contra investigados que estariam atrapalhando "a livre produção de provas durante a instrução processual penal".

De acordo com a corporação, a medida "tem como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas".

Um alvo de busca foi o assessor de Braga Netto coronel Flávio Peregrino, em Brasília.

Peregrino foi identificado pelos investigadores como autor de documento, apreendido pela PF na sede do PL, com um esboço de planejamento para um golpe de Estado, cujo texto termina com a frase "Lula não sobe a rampa".

Os mandados de prisão preventiva, busca e apreensão foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). 

Plano de golpe de Estado

Braga Netto é alvo da investigação da PF que indiciou também Bolsonaro e mais 38 acusados por golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito.

Entre os indiciados, estão ex-ministros do governo Bolsonaro, ex-comandantes do Exército e da Marinha, militares da ativa e da reserva e ex-assessores do ex-presidente.

A investigação aponta Braga Netto como chefe do grupo que planejou a intervenção militar. Ele teria aprovado e financiado um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Segundo a PF, Braga Netto participou de dois núcleos de atuação no planejamento do golpe de Estado. Ele integrava o "Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado" e o "Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas".

Dinheiro em embalagem de vinho

Recentemente, o delator Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelou, em depoimento, que Braga Nettto teria entregue dinheiro em uma embalagem de vinho, destinado aos militares kids pretos, que iriam cumprir o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.

A investigação da PF também aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro atuou de "forma direta e efetiva" no planejamento de um golpe de Estado em 2022. 

O documento foi encaminhado ao STF e teve seu sigilo  derrubado por Alexandre de Moraes.

O relatório foi enviado para análise da  Procuradoria-Geral da República (PGR), órgão responsável por avaliar as provas e decidir se denuncia ou não os investigados.

Defesa alega inocência

A defesa de Braga Netto afirmou que vai se manifestar nos autos do processo, mas que ainda não tem ciência dos fatos que ensejaram a decisão de Moraes. "Entretanto, com a crença na observância do devido processo legal, teremos a oportunidade de comprovar que não houve qualquer obstrução as investigações", escreveram os advogados.

md/gq (Agência Brasil, ots)