PIB cresce 2,3%, mas não espanta receio sobre 2014
27 de fevereiro de 2014A expectativa do mercado financeiro foi confirmada, e a economia brasileira cresceu 2,3% em 2013, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (27/02) pelo IBGE. A expansão foi maior que a registrada em 2012 (1%), porém, menor que a de 2011 (2,7%).
Considerando todo o ano, os três setores analisados pelo instituto registraram alta em comparação com 2012. O destaque ficou para a agropecuária, com 7%. Já o setor de serviços cresceu 2%, e a indústria, 1,3%. De acordo com o IBGE, a expansão da agropecuária é até agora a maior verificada desde 1996. Apesar de ter puxado o PIB, o setor, porém, tem um peso pequeno na economia brasileira.
"O baixo resultado da indústria mostra um grave problema estrutural do país", afirma Mauro Rochlin, economista do Ibmec/RJ. "Por um lado, há baixa produtividade e o chamado custo Brasil, que são os problemas de infraestrutura e logística, com os quais a indústria é a maior prejudicada. Por outro, o real está muito valorizado, e isso é muito nocivo para a exportação de produtos brasileiros."
No quarto trimestre, o PIB registrou expansão de 0,7% em relação aos três meses anteriores. No último trimestre de 2013, o setor de serviços foi o único que cresceu, com aumento de 0,7%. Já a agropecuária não teve aumento, e a indústria teve diminuição de 0,2%.
Consumo desacelerou
O consumo das famílias desacelerou em 2013 e teve o menor crescimento desde 2003. De acordo com o IBGE, o aumento em 2013 foi de 2,3%, o menor resultado desde o último registro negativo (-0,8%), em 2003, por causa da desaceleração de fatores que aumentaram a renda e o crédito nos últimos anos.
"O atual nível de inflação [em torno de 6%] compromete os investimentos e o consumo das famílias", afirma Marcos Antônio de Andrade, professor de economia internacional da Universidade Mackenzie. "Com isso, as famílias ficam preocupadas em consumir ou aumentar os gastos exatamente por causa do receio de a inflação atrapalhar a renda."
Já os investimentos se recuperaram e cresceram 6,3% em 2013, após uma diminuição de 4% em 2012 – concentrados sobretudo no agronegócio. Em valores correntes, o PIB do ano fechou em 4,84 trilhões de reais, apresentando uma alta, em termos reais, de 1,4% em comparação a 2012.
Enquanto o Brasil registrou crescimento de 2,3% em 2013, a zona do euro, por exemplo, teve recessão de 0,4%. Também cresceram as economias de Alemanha (0,4%), Japão (1,6%), Reino Unido e EUA (1,9%), Coreia do Sul (2,8%), Índia (4,5%) e China (7,7%).
Pessimismo continua
Analistas ouvidos pela DW afirmam que 2014 será mais um ano de baixo crescimento econômico por causa de previsões de desaceleração do emprego e do rendimento, da alta inflação e do crédito restrito, além da fraca confiança de empresários e consumidores.
De acordo com o Boletim Focus – em que consta a previsão de economistas de instituições financeiras – divulgado nesta segunda-feira (24/02) pelo Banco Central, a expectativa de expansão do PIB em 2014 está em 1,67%, abaixo do 1,79% da semana anterior.
"Eu vejo um pessimismo muito grande. As expectativas dos agentes econômicos se deterioram sensivelmente nos últimos três meses e isso é péssimo em termos de projeção do crescimento", explica Rochlin. "Investimentos e consumo são feitos com base nas expectativas que vão se refletir num menor ritmo de atividade econômica. As empresas puxaram o freio de mão."
O economista lembra que a expectativa do mercado divulgada pelo Boletim Focus caiu sensivelmente da primeira semana de janeiro – quando estava em 2,2% – para 1,67% em sete semanas.
"É impressionante como se alteraram as expectativas, de maneira muito rápida. Eu acredito que o Brasil deverá crescer cerca de 1,5% em 2014. Vai crescer pouco, mas eu não acredito em recessão", afirma.
O economista Evaldo Alves, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que o Brasil precisa tomar medidas para corrigir os rumos e reforçar o peso da indústria na economia brasileira. Ele diz que, por ser ano de eleições, o pessimismo deverá continuar presente.
"Mesmo assim, o Brasil deve crescer por volta de 2% também em 2014, isso por causa da força do agronegócio", afirma.