PIB mantém desempenho fraco e cresce apenas 0,6% no terceiro trimestre
30 de novembro de 2012Apesar de a indústria brasileira ter começado a reagir às medidas de estímulo anunciadas pelo governo nos últimos meses, a economia do país ainda amarga uma baixa taxa de crescimento. De acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (30/11), o PIB cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o segundo, alcançando 1,1 trilhão de reais. Considerando os nove primeiros meses de 2012, a alta foi de 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Enquanto a indústria cresceu 1,1% entre julho e setembro – deixando para trás a retração de 2,5% registrada no segundo trimestre deste ano – o setor de serviços ficou estagnado. O comércio cresceu 0,4%, mas a intermediação financeira (atividade bancária) teve uma queda de 1,3% no período e acabou puxando o setor para baixo.
O fraco desempenho do setor de serviços acabou surpreendendo o governo, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista à imprensa internacional. De acordo com o ministro, o resultado desse setor limitou o crescimento do PIB brasileiro no trimestre. "A liberação modesta de crédito, aliada à redução das taxas de juros e dos spreads [bancários], limitou o faturamento do setor financeiro, o que puxou a taxa de crescimento para baixo", explicou.
Economia em recuperação
Mantega disse que o governo não esperava o recuo na intermediação financeira. Ele garantiu, porém, que o Brasil tem um setor financeiro forte e sólido, e que o país começará uma reação nos próximos três meses.
"O resultado do terceiro trimestre mostra que a economia brasileira está numa trajetória de recuperação e aceleracão no crescimento neste segundo semestre, principalmente nos setores que mais preocupavam, que são o industrial e o agropecuário", ressaltou Mantega. O balanço do IBGE mostrou que a agropecuária foi o setor com maior crescimento, alcançando 2,5%, seguido pela indústria.
A equipe econômica comemorou em especial o crescimento de 1,5% da indústria de transformação, setor que mais sofre as consequências da crise mundial por conta da restrição de mercados. Nos últimos 12 meses houve uma queda de 3,2%.
Mantega garantiu ainda que todos os indicadores apontam para um crescimento maior no quarto trimestre. Ele ressaltou que algumas medidas já tomadas demoram a surtir efeito, como a redução da taxa básica de juros ao longo dos últimos 12 meses, o câmbio mais favorável para a produção nacional, a redução das tarifas do setor elétrico e a desoneração tributária para estimular a criação de empregos.
América Latina
O ministro destacou ainda que, diferentemente do restante da América Latina, cuja economia é mais centrada na exportação de commodities, o PIB brasileiro sofre grande influência do desempenho da indústria, atingida pela crise mundial. Por isso o Brasil deverá apresentar um crescimento bem inferior ao de seus vizinhos neste ano.
De acordo com um estudo divulgado em outubro pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o Brasil deverá ter neste ano o segundo menor crescimento entre os países latino-americanos, com um aumento do PIB de 1,6%. "Porém, se superarmos os problemas no setor industrial, e isso está ocorrendo, poderemos voltar a alcançar uma taxa de crescimento acima de 4%", garantiu Mantega.
O levantamento do IBGE mostrou ainda um crescimento de 0,9% do consumo das famílias e um aumento de apenas 0,1% do gasto público entre julho e setembro.
Autora: Mariana Santos
Revisão: Alexandre Schossler