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Pirataria aumenta após ampliação da UE

Manfred Götzke / av22 de abril de 2005

A falsificação de artigos é um setor em expansão no Leste Europeu. Se necessário, recorre-se à espionagem. O alvo tanto pode ser Britney Spears como chips de computador.

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Produtos pirateados são vendidos na ruaFoto: AP

Sapatênis Adidas por dez euros, perfume CK One por sete euros, CDs lacrados da Britney Spears por apenas cinco euros. A feira de rua em Borsa, no norte da Romênia, é um verdadeiro paraíso de artigos de grife incrivelmente baratos. Com um detalhe: aqui tudo é 100% falsificado. E o Serviço Federal de Informações (BND) da Alemanha teme que em breve alguns desses produtos estarão invadindo o mercado alemão.

A Comissão Européia calcula que a pirataria custa à indústria alemã, a cada ano, entre 20 e 30 bilhões de euros, além de 70 mil empregos. O BND fala em crime organizado: fabricados no Leste Europeu e na Ásia, os artigos são vendidos na rua ou, através de suborno, até mesmo em lojas legais. Os chefões escapam de qualquer punição, graças às enormes quantias que investem em propina.

O vice-diretor do BND, Rüdiger von Fritsch-Scherhausen, explica: "CDs pirateados do Leste Europeu chegam em grande quantidade aos mercados vizinhos. Os governos desses países já tomaram medidas, as leis foram adaptadas às normas ocidentais. Porém, o emaranhado das áreas de competência e a corrupção impedem sua implementação".

Menos controle, maior tráfico

Em 2003, portanto antes da filiação dos dez novos membros do Leste Europeu à UE, a alfândega alemã apreendeu 50 milhões de produtos imitados. Entre as curiosidades constavam 41 mil comprimidos de Viagra e 11 mil pisca-piscas de automóvel.

Von Fritsch-Scherhausen teme que, no futuro, haverá uma queda no número de apreensões: "Os controles alfandegários regulares diminuirão, ao mesmo tempo aumentará a circulação de pessoas e mercadorias. Uma oferta que já existe há muito, para além das fronteiras, chegará a nossos mercados".

Das etiquetas falsas à espionagem

Por isso, as próprias empresas tentam se defender. Assim como as produtoras de CDs e fabricantes de calçados de marca, a fabricante de chips Infineon está sempre de olho nos mercados. E constata repetidamente que nos leilões online, como a ebay, são oferecidos produtos sob seu nome, mas que decididamente não vêm de suas fábricas.

Como falsificar produtos como chips e máquinas envolve bem mais do que colar etiquetas forjadas, os piratas freqüentemente recorrem à espionagem para conseguir informações confidenciais.

O vice-diretor do BND parte do princípio de que as firmas alemãs são alvos preferenciais desse tipo de atividade, não só por parte da concorrência como através de serviços de informações de outras regiões do planeta.

Ampliação para o Leste continua lucrativa

E o perigo aumenta, na medida em que as firmas armazenam e transmitem mais dados por meios digitais: "É impressionante com que descuido dados sensíveis são transmitidos por celular, sem proteção, por vezes contratos inteiros. Não nos iludamos, é o mesmo que usar um megafone, o efeito é idêntico".

Apesar do perigo da espionagem e da fúria copiadora, a entrada dos países do Leste na União Européia parece beneficiar mais à indústria do que prejudicá-la. Pois senão ela não iria produzir seus originais naqueles países onde, até então, eles eram meramente copiados.