Polícia volta a reprimir manifestação em Caracas
10 de abril de 2017As forças de segurança venezuelanas voltaram a reprimir protestos contra o governo do presidente Nicolás Maduro nesta segunda-feira (10/04). Em Caracas, manifestantes foram atingidos por gás lacrimogêneo, durante o quinto grande ato convocado pela oposição nos últimos dez dias.
Milhares de pessoas se reuniram nesta manhã na praça Brión de Chacaíto, no leste da capital, e marcharam rumo à rodovia Francisco Fajardo. Vários parlamentares da oposição, incluindo o presidente da Assembleia Nacional (AN), Julio Borges, participaram da passeata.
Segundo a imprensa local, o protesto foi reprimido pelas forças de segurança assim que os manifestantes chegaram à rodovia – uma das mais importantes de Caracas e palco de pelo menos três manifestações passadas, que também terminaram com repressão policial.
"Manifestantes são reprimidos com bombas de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança", informou, no Twitter, a aliança partidária opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
A imprensa local relata que, apesar de muitas pessoas terem se dispersado na tentativa de fugir do gás, alguns manifestantes reagiram e entraram em confronto com a polícia.
Em declaração a uma emissora venezuelana, o governador do estado de Miranda e ex-candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, condenou a violência policial nos protestos. "O que acontece aqui é repressão. O governo continua o processo do autogolpe. Ele acredita que assim, reprimindo, conseguirá resolver a crise", afirmou ele.
Nova onda de protestos
As ruas da Venezuela voltaram a ser cenário de violentos protestos na semana passada, com a polícia lançando balas de borracha, jatos d'água e spray de pimenta contra manifestantes, que retrucaram jogando pedras. Dezenas de pessoas ficaram feridas, uma morreu e mais de 100 foram detidas.
O primeiro ato da mais recente onda de protestos, que exigem o afastamento dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), ocorreu em 1º de abril, dois dias depois de a Corte, dominada pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Parlamento, de maioria opositora.
A decisão alçou a crise política em Caracas a uma nova dimensão. O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente e denunciado pela oposição como a confirmação de que o país, em grave crise econômica e com o governo Maduro acuado, estaria vivendo uma ditadura.
Sob pressão, o TSJ acabou revogando a decisão de transferir para si os poderes legislativos dias depois, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro.
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