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Policial atira em manifestante em Hong Kong

11 de novembro de 2019

Autoridades dizem que mais de 60 pessoas ficaram feridas em novos protestos, entre elas um homem que teve seu corpo incendiado. Chefe de governo afirma que "não poupará esforços" para pôr fim às manifestações.

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Policial aponta arma para manifestante mascarado e vestido de preto numa rua
Vídeo mostrando o momento em que um policial atira em manifestante foi divulgado na internetFoto: Reuters/Cupid Producer

Um policial atirou em um manifestante, e um homem foi incendiado nesta segunda-feira (11/11) em mais um dia de protestos violentos em Hong Kong.

A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, disse que mais de 60 pessoas ficaram feridas nos protestos desta segunda. Ela afirmou também que seu governo "não poupará esforços" para pôr fim aos protestos que afetam a cidade há mais de cinco meses.

Lam não quis dar mais detalhes sobre as medidas planejadas, mas seus comentários podem alimentar especulações de que medidas legais e policiais mais severas podem estar sendo preparadas. Ela também garantiu que não vai ceder às demandas dos protestos por concessões políticas e acusou os manifestantes de estarem "destruindo a sociedade".

Um rapaz de 21 anos está internado em estado grave após ser baleado por um policial de trânsito. Segundo a imprensa local, ele foi levado a uma unidade de terapia intensiva após passar por cirurgia de emergência.

Um vídeo do momento do disparo foi publicado nas redes sociais. Nele, um policial de trânsito atira à queima-roupa contra um rapaz com o rosto coberto e vestido de preto – cor que identifica os protestos. O incidente ocorreu na área residencial de Sai Wan Ho, onde um grupo de manifestantes bloqueava o trânsito.

Esta é a terceira vez que um manifestante é ferido à bala por um policial desde o início dos protestos, há pouco mais de cinco meses. Os outros incidentes ocorreram no início do mês passado, quando dois jovens, de 14 e 18 anos, ficaram feridos.

Pouco depois, outro vídeo publicado nas mídias sociais mostra uma pessoa jogando um líquido inflamável e colocando fogo num homem durante uma discussão com manifestantes. A vítima, de 57 anos, também está internada em estado crítico, segundo as autoridades, com queimaduras de segundo grau em 28% do corpo, principalmente peito e braços.

Em entrevista à DW, o ativista pró-democracia Joshua Wong exortou as autoridades a lançarem uma investigação sobre a violência policial. "Pedimos ao governo de Hong Kong para que inicie uma investigação sobre a brutalidade policial. Agora é a hora de nos devolverem as eleições livres", afirmou. "Se o governo de Hong Kong ouvisse a voz do povo, deixaria o mundo anunciar a morte do modelo 'um país, dois sistemas'."

Os confrontos ocorreram durante uma greve geral convocada para esta segunda-feira em protesto pela morte, na sexta-feira, de um estudante universitário de 22 anos, que caiu de um estacionamento e sofreu graves lesões cerebrais em circunstâncias desconhecidas durante manifestações no último dia 3.

Os ativistas pró-democracia culpam a polícia, que nega ter alguma responsabilidade pela morte.

A greve desta segunda causou problemas no trânsito em diferentes partes da cidade durante as primeiras horas do dia.

Os protestos em Hong Kong começaram há mais de cinco meses em oposição a uma lei, já derrubada, que permitiria que a chefe de governo e os tribunais de Hong Kong processassem pedidos de extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como para a China continental.

Os manifestantes, por outro lado, dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma Justiça politizada que não garante a salvaguarda dos direitos humanos. 

Mesmo com a retirada da lei, as manifestações não dão mostras de que vão cessar, em meio aos temores de que o território perca autonomia.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas". É isso que os opositores garantem estar agora em perigo. 

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o governo central chinês responsável apenas pelas relações externas e defesa. 

MD/afp/efe/lusa/rtr

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