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Polícia alemã apreende neonazista de 13 anos

16 de setembro de 2023

Policiais também fizeram buscas no quarto do jovem, que idealizava autor de massacre na Nova Zelândia e pregava violência contra refugiados em canal no Telegram.

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Polícia alemã
Em 2022, centenas de policiais participaram de uma série de operações na Alemanha contra suspeitos de integrarem a rede neonazista Atomwaffen DivisionFoto: Maximilian Koch/IMAGO

A polícia realizou buscas no quarto de um adolescente suspeito de neonazismo em Colônia, no oeste da Alemanha. O jovem, que aparentemente pregava ataques contra refugiados e divulgava técnicas de produção de bombas, foi apreendido e encaminhado para uma instituição psiquiátrica. Serviços sociais acompanham o caso, que ganhou destaque na imprensa alemã por causa da idade do suspeito: apenas 13 anos.

As buscas ocorreram no fim de agosto, mas só foram confirmadas pelas autoridades na última sexta-feira (15/09), após uma reportagem da revista Der Spiegel, que apontou que o caso ilustra uma preocupação crescente de órgãos de segurança com a radicalização cada vez mais precoce de jovens e o papel de ferramentas como o Telegram e fóruns na internet na propagação de ideologias extremistas.

Por causa da sua idade, o adolescente não pode ser processado criminalmente. As autoridades ainda investigam se os pais do jovem tiveram alguma participação no processo de radicalização. A operação ocorreu no âmbito do Projeto Periscópio, uma iniciativa de investigação lançada em 2022 pelas autoridades da Renânia do Norte-Vestáfilia, estado onde fica Colônia, para detectar precocemente potenciais autores de ataques violentos.

Segundo a reportagem da revista Der Spiegel, em um canal no Telegram, o jovem explicitou desejo de atacar abrigos de refugiados, pessoas negras e judeus. No mesmo canal, ele também publicou instruções sobre como produzir bombas e se gabou de estar avançando em experimentos para construção de explosivos – aparentemente ele não teve sucesso, já que as autoridades afirmaram que não foram encontrados materiais ou traços de explosivos na sua casa.

Além de publicar material extremista, o jovem também mostrou admiração pelo extremista de direita que massacrou 51 islâmicos em duas mesquitas na Nova Zelândia, em 2019.

O grupo de Telegram do qual o jovem participava, com outras 60 pessoas, se chamava Feuerkrieg Division (Divisão de Guerra de Fogo), uma referência a uma rede neonazista que surgiu em 2018 na Estônia. Em 2020, as autoridades estonianas apreenderam o líder do grupo, que atuava principalmente na esfera online. Ele também tinha 13 anos.

A Feuerkrieg Division original tem como modelo a rede neonazista internacional Atomwaffen Division, que surgiu nos EUA em 2015, em obscuros fóruns da internet e newsletters. Boa parte da ideologia dessa rede foi produzida pelo neonazista americano James Mason, autor do livro Siege (Cerco), considerado uma espécie de bíblia de movimentos terroristas fascistas.

Em 2022, centenas de policiais participaram de uma série de operações na Alemanha contra suspeitos de integrarem a rede Atomwaffen Division. Parte dos alvos foi acusada de participação em organização terrorista e de formação de associação neonazista. Quatro pessoas foram presas.

Um dos símbolos mais conhecidos da rede Atomwaffen Division ou da ideologia Siege é uma máscara que emula uma caveira, originalmente inspirada em gráficos de um jogo da série Call of Duty. O jovem que foi alvo da investigação em Colônia divulgou no Telegram fotos suas usando o acessório, uma bandana preta com a estampa de caveira desenhada, tampando boca e nariz. A máscara também é popular entre autores de massacres, inclusive no Brasil, tendo sido usada pelos autores de ataques a escolas de Suzano (SP), em 2019, e Aracruz (ES), em 2022.

jps (ots)