PF cita 'possível envolvimento' de Lula em crimes
22 de fevereiro de 2016Um relatório da Polícia Federal (PF) diz que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve ser investigado por "possível envolvimento em práticas criminosas". O documento faz parte da Operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato, iniciada nesta segunda-feira (22/02)
"O possível envolvimento do ex-Presidente da República em práticas criminosas deve ser tratado com parcimônia, o que não significa que as autoridades policiais devam deixar de exercer seu mister constitucional", diz o relatório assinado pelo delegado Filipe Hille Pace.
Segundo os investigadores, as suspeitas estão relacionadas aos gastos com a construção de uma nova sede do Instituto Lula em São Paulo, em 2010, e o financiamento de propriedades em nome de Lula com recursos da Odebrecht, que teriam sido desviados da Petrobras.
"É importante que seja mencionado que a investigação policial não se presta a buscar a condenação e a prisão de 'A' ou 'B'", diz o relatório. "Se os fatos indicarem a inexistência de ilegalidades, é normal que a investigação venha a ser arquivada."
A denúncia se baseia numa anotação no celular do presidente da construtora, Marcelo Odebrecht – "Prédio (IL)" aparece ao lado de um valor de 12 milhões de reais.
"Caso a rubrica "Prédio (IL)" refira-se ao Instituto Lula, a conclusão de maior plausibilidade seria a de que o Grupo Odebrecht arcou com os custos de construção da sede da referida entidade e/ou de outras propriedades pertencentes a Luiz Inácio Lula da Silva."
Em nota, o Instituto Lula afirmou que a sede da entidade ainda não existia na data apontada pelo relatório. O Instituto Lula foi fundado em agosto de 2011, no local onde antes funcionava o Instituto Cidadania.
Lula também é investigado por supostas irregularidades envolvendo um apartamento triplex no Guarujá, um sítio no interior de São Paulo, além de tráfico de influência e negócios entre seus filhos e grandes empresas.
Nesta segunda, a PF expediu um mandado de prisão temporária do publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição de Lula, em 2006.
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