Polícia holandesa prende ativistas do Greenpeace
1 de maio de 2014Cerca de 30 participantes de uma manifestação da ONG ambiental Greenpeace foram presos nesta quinta-feira (01/05) no porto de Roterdã, na Holanda. Eles haviam tentado barrar um cargueiro russo carregado com petróleo extraído do Polo Norte, com a ajuda dos navios Rainbow Warrior e Esperanza.
Parte dos ativistas pregou faixas na lateral do petroleiro Mikhail Ulyanov, com as palavras "No Arctic oil", enquanto outros se postaram em barcos infláveis entre o navio e o cais, para impedir que ele atracasse. A embarcação russa trazia cerca de 70 mil toneladas de petróleo – o primeiro carregamento oriundo da plataforma ártica Prirazlomnaya, pertencente à companhia estatal de energia Gazprom, no Mar de Pechora.
A polícia holandesa, que invadiu e rebocou o Rainbow Warrior, declarou que os ativistas haviam ignorado o acerto feito com as autoridades portuárias de que não interfeririam fisicamente com o navio durante seu protesto. Os policiais afirmaram que as medidas foram tomadas por preocupações com a segurança no local. "O navio russo é muito grande, tem cerca de 250 metros de comprimento. Tentar impedir que ele atraque envolve questões de segurança", disse um porta-voz.
Prisão na Rússia
Um dos ativistas detidos nesta quinta-feira em Roterdã é o capitão do Rainbow Warrior, Peter Willcox. Ele também esteve entre os ambientalistas capturados pelas autoridades russas durante uma ação de protesto na plataforma petrolífera Prirazlomnaya, em setembro último, realizada a partir do navio Arctic Sunrise.
Na ocasião, 28 ativistas do Greenpeace – entre os quais, a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel – e dois jornalistas foram acusados de pirataria e ameaçados com até 15 anos de prisão, só sendo libertados cerca de três meses mais tarde.
Na segunda-feira, o Rainbow Warrior saíra ao mar com a intenção de interceptar o Mikhail Ulyanov, porém este desligara seu sistema de rastreamento. Segundo informações do Greenpeace, a Gazprom é a primeira empresa petrolífera a extrair petróleo do fundo do Oceano Ártico e pretende fornecer 300 mil toneladas para a Europa Ocidental neste ano.
A organização chama a atenção para a extrema sensibilidade do ecossistema ártico, onde vastas áreas são protegidas como reserva ambiental. Moscou rebate acusações de que estaria desrespeitando as normas de segurança em grande escala em suas atividades petrolíferas. O Greenpeace aponta, ainda, aspectos políticos e econômicos na questão.
"Petróleo ártico é uma perigosa nova forma de dependência em relação aos gigantes energéticos estatais russos, justo num momento em que deveríamos estar nos libertando de sua influência", alerta Kumi Naidoo, diretor-executivo da Greenpeace International. "Não podemos esperar qualquer tipo de política externa ética enquanto nossos governos continuarem irremediavelmente dependentes de companhias como a BP, Shell e Gazprom."
AV/dpa/rtr/afp/epd