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Polícia prende quatro suspeitos de causar tragédia em Bangladesh

27 de abril de 2013

Detidos são acusados de negligência e de forçarem funcionários a trabalhar no prédio, mesmo com risco de queda. Três dias após acidente que matou pelo menos 348 pessoas, mais 29 são retiradas com vida dos escombros.

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Foto: MUNIR UZ ZAMAN/AFP/Getty Images

Três dias após o desmoronamento de um prédio de oito andares que matou pelo menos 348 pessoas em Bangladesh, a polícia prendeu neste sábado (27/04) dois empresários e dois engenheiros supostamente envolvidos com o desabamento da construção nos arredores de Daca, capital de Bangladesh, onde funcionavam cinco indústrias têxteis.

Bazlus Samad, diretor de duas das fábricas e Mahmudur Rahaman Tapash, um de seus gerentes, foram detidos pouco após a meia-noite, segundo informou o vice-chefe da polícia local, Shyaml Mukherjee. Os dois homens são acusados de homicídio por negligência e de forçarem os funcionários a trabalhar no complexo, mesmo após o aparecimento de rachaduras no edifício um dia antes da tragédia.

Os dois engenheiros detidos são funcionários municipais. Na véspera do desabamento, eles haviam feito uma inspeção ao edifício, autorizando a sua utilização. Os sobreviventes contam que na terça-feira eram visíveis rachaduras no prédio, mas os patrões ordenaram aos funcionários que voltassem ao trabalho. No momento do desabamento, pelo menos 3 mil pessoas estavam trabalhando no local.

Materiais precários

Segundo o ministro do Interior de Bangladesh, Haque Tuku, a polícia continua procurando o dono do prédio, que é acusado de usar materiais precários na construção.

Bangladesch Rana Plaza Rettungsaktion 26.04.2013
Equipe retira homem com vida das ruínas. Número de mortos ainda deve subirFoto: Reuters

O edifício, parcialmente construído de forma ilegal em Savar, a 25 quilômetros de Daca, desabou na manhã de quarta-feira. Pelo menos mais oito corpos foram retirados dos escombros neste sábado, aumentando o número de mortos para 348. Quase 2.500 sobreviventes foram resgatados até agora, afirmou Shahinul Islam, porta-voz do Exército. Neste sábado, 29 pessoas foram retiradas com vida das ruínas.

Entretanto, diminuem as esperanças de se encontrar mais sobreviventes. "Acreditamos que algumas pessoas ainda estão vivas, mas estão fracas demais para gritar por socorro", disse o chefe dos bombeiros, Ahmed Ali.

Protestos

Com muitas das 4.500 fábricas do país foram fechadas devido a protestos, os patrões decidiram declarar feriado neste sábado e os sindicatos convocaram uma greve para domingo. Muitos milhares de trabalhadores da indústria têxtil se manifestaram hoje perto do local do desastre, mas foram dispersos pela polícia, que disparou balas de borracha e gás lacrimogêneo. 

Bangladesh é o segundo maior produtor de roupa e a indústria têxtil é a base da economia do país. No entanto, a produção ocorre condições precárias trabalhistas e de segurança. Em novembro, 111 pessoas morreram num incêndio numa fábrica.

MD/lusa/afp/dpa/