Alemanha critica armas dos EUA para Oriente Médio
31 de julho de 2007Políticos alemães de várias orientações condenaram a decisão de Washington de fornecer ajuda militar no valor de 20 bilhões de dólares à Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico. As verbas se destinariam à modernização das respectivas Forças Armadas nacionais, com o fim de restringir a influência do Irã.
Por sua vez, Israel receberia 30,4 bilhões de dólares em verbas militares, nos próximos dez anos, um acréscimo significativo sobre o que o país recebia até então. Autoridades israelenses saudaram o plano anunciado pela secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, neste fim de semana.
O Irã classificou a decisão norte-americana como tentativa de semear discórdia e desestabilizar a região.
Barril de pólvora
Parlamentares alemães também temem que a iniciativa venha a desestabilizar ainda mais a já frágil região.
"Ao adicionar mais explosivos a um barril de pólvora – e é isto que é o Oriente Médio – você aumenta o risco, e não torna a região mais segura", opinou Ruprecht Polenz ao jornal Frankfurter Rundschau. Ele é o presidente da comissão de assuntos externos do Parlamento alemão.
"Seja como for, trata-se de uma estratégia de alto risco. A meta – sinalizar ao Irã que uma luta pela hegemonia baseada em poder militar não terá sucesso – pode provocar a reação errada de Teerã: tentar com mais empenho e armar-se mais rapidamente", Polenz pertence à conservadora União Democrata Cristão da premiê alemã, Angela Merkel.
O coordenador do governo alemão para as relações com os Estados Unidos, Karsten Voigt, não vê qualquer sentido no planejado fornecimento de armas no Oriente Médio. Em entrevista à Deutschlandradio, nesta terça-feira (31/07), ele questionou o motivo central das entregas bilionárias aos aliados dos EUA.
Rice rebate
Segundo o político social-democrata, o Oriente Médio precisa de desarmamento, não de mais armas. Voigt acrescentou que Washington tem ciência do ceticismo dos alemães em relação às entregas de armamentos naquela região de crise.
Atualmente no Egito, Condoleezza Rice rebateu as acusações de que países que recebessem as armas deveriam auxiliar os EUA no combate aos rebeldes sunitas e xiitas dentro do Iraque.
"Não se trata de retribuição", afirmou Rice. O seu país e seus aliados combatem o extremismo no Golfo. Assim haveria um interesse comum num Iraque estável, que possa se defender sozinho, insistiu a chefe da diplomacia norte-americana. Respondendo às acusações de Teerã, ela acrescentou que quem ameaça a estabilidade na região é o Irã. (av)