Polônia lança arquivo online com nomes de guardas nazistas
31 de janeiro de 2017O Instituto polonês para a Memória Nacional (IPN) anunciou nesta segunda-feira (30/01) a criação de um arquivo online com quase 10 mil nomes e informações sobre comandantes e guardas do antigo campo de concentração nazista de Auschwitz.
Segundo o presidente do instituto, Jaroslaw Szarek, esse "é apenas o início de um vasto projeto". O banco de dados acessível em inglês, alemão e polonês "é um instrumento para lutar contra as mentiras", acrescentou Szarek ao se referir à expressão "campos poloneses", usada de forma equivocada.
A página inclui fotos de alguns dos guardas e informações sobre local e data de nascimento, nacionalidade, nível educacional, patente militar e afiliação partidária. O arquivo digital também inclui cerca de 350 sentenças judiciais contra guardas do campo de extermínio, o maior do regime nazista, proferidas depois da Segunda Guerra Mundial.
A lista de nomes foi organizada pelo historiador Aleksander Lasik, que desde 1982 trabalha na identificação de guardas nazistas de Auschwitz, com base em documentos vindos da Alemanha, Áustria, Polônia, Estados Unidos e Rússia.
"O sistema de justiça mundial falhou e estou fazendo o que um historiador deve fazer: expôr os indivíduos responsáveis como criminosos de guerra", diz. Ao todo, ele reuniu 25 mil nomes de guardas que trabalharam em Auschwitz e em outros campos de concentração.
Justiça tardia
A investigação é, no entanto, limitada, já que na véspera da derrota na Segunda Guerra os alemães queimaram vários documentos. "Hoje temos mais informações sobre os prisioneiros do que sobre a Waffen-SS [tropa de elite das Forças Armadas nazistas]", diz o diretor do Museu de Auschwitz, Piotr Cywinski.
O museu convidou alemães e austríacos para relatar as memórias que têm dos soldados da Waffen-SS, com o objetivo de "entender melhor a mentalidade dos executores".
Estima-se que apenas 12% dos guardas de Auschwitz foram julgados. Lasik acredita que cerca de 200 membros da Waffen-SS podem estar vivos e serem levados à Justiça, 70 anos depois do Holocausto.
Cerca de 1,1 milhão de pessoas foram mortas pelo regime nazista entre 1940 e 1945 no campo de Auschwitz, na Polônia ocupada.
KG/ap/afp/dpa