Por que alemães optam cada vez mais por escolas integrais
21 de setembro de 2016Qual deve ser a extensão do dia letivo? As crianças devem voltar para casa no horário de almoço ou permanecer na escola até a tarde? Em muitos países europeus, isso não é sequer questionado.
A Alemanha, ao menos no lado leste, é há muito tempo uma exceção. Enquanto as escolas em período integral eram a norma na Alemanha Oriental, o dia letivo na outra metade do país acabava em torno do meio-dia.
As primeiras escolas em período integral começaram a funcionar nas cidades de Kassel e Frankfurt em 1958. Hoje em dia, são mais de 16 mil em todo o país. Um estudo divulgado nesta semana pela Fundação Bertelsmann aponta que em 2002 a porcentagem de alunos em escolas em período integral era de 10%. Mas, até o ano escolar de 2014/15, já estava em 38%. As escolas que oferecem ensino em tempo integral já são 60% do total.
O estudo intitulado "Como os pais veem as escolas de ensino integral: expectativas, experiências e exigências por mudanças" revela que os pais de alunos dessas escolas estão, de modo geral, mais satisfeitos com a educação que seus filhos recebem do que os pais das crianças que estudam em meio período. Essa satisfação se refere ao conteúdo e ao volume do aprendizado. Os pais consideram que os professores são competentes, e as escolas, bem equipadas.
Oportunidades iguais
A Fundação Bertelsmann se diz satisfeita com o resultado do estudo. "As escolas em período integral têm um importante papel em promover oportunidades iguais para as crianças", disse a gerente de projetos da instituição, Nicole Hollenbach-Biele.
A pedido da fundação, o instituto de pesquisas Infratest-dimap entrevistou no mês de fevereiro mais de 4,3 mil pais de alunos entre 6 e 16 anos de idade na Alemanha.
A Conferência dos Secretários Estaduais da Educação (KMK), o órgão que coordena o ensino escolar no país, define escola de período integral como aquela que oferece sete períodos letivos em ao menos três dias da semana, no ensino primário e secundário, incluindo almoço para os alunos.
As escolas em meio período ainda prevalecem nas áreas rurais, onde as estruturas familiares são mais tradicionais, diz Hollenbach-Biele. Mas, muitas vezes, essas famílias não têm escolha: 32% dos entrevistados cujas crianças frequentam escolas em meio período disseram não haver instituições em período integral perto de onde vivem. Entre os pais dos alunos que voltam para casa em torno do meio-dia, um em cada três afirma que caso tivessem que decidir novamente, optaria pela outra opção.
Padrões de qualidade variados
O estudo aponta que o aprendizado em período integral se tornou parte da vida diária de muitas crianças. Metade dos entrevistados disse que seus filhos frequentam obrigatória ou voluntariamente programas vespertinos de ensino.
Por esse motivo, Hollenbach-Biele defende que o país necessita urgentemente introduzir padrões nacionais de qualidade, que atualmente são bastante variados. Tendo em vista o aumento da demanda, "os pais devem ter o direito legal de enviar as crianças para escolas em período integral", diz a gerente de projetos da Fundação Bertelsmann.
Apesar das diversas avaliações positivas, os pais entendem que há ainda espaço para melhoras, pedindo maiores oportunidades para o avanço individual dos alunos, mais professores e um fluxo de comunicação mais eficiente entre eles e a escola.