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Por uma Europa mais forte

lk3 de abril de 2003

Em discurso no Parlamento, Gerhard Schröder defendeu uma política externa e de segurança comum que fortaleça a União Européia no cenário internacional: a lição da crise que antecedeu a guerra do Iraque.

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Gerhard Schröder fala ao ParlamentoFoto: AP

A declaração do chanceler federal Gerhard Schröder perante o Bundestag, nesta quinta-feira (03/04), teve dois fios condutores: a defesa de um reforço da política externa e de segurança da União Européia, que coloque a Europa em condição de assumir maior responsabilidade; e a confirmação da relevância que as organizações multilaterais como a ONU e a Otan continuam tendo no atual cenário internacional.

É preciso que a Europa volte a estar em condições de falar com uma só voz, declarou o chefe de governo. O desenvolvimento de uma nova política externa e de segurança da comunidade deve incluir impreterivelmente a participação do Reino Unido, acrescentou.

Um dos primeiros passos para a concretização dessa visão seria refletir sobre a possibilidade de enviar tropas européias — e não nacionais — para a participação em missões internacionais da ONU. A atual primeira missão conjunta dos europeus na Macedônia é, na opinião de Schröder, o exemplo a ser seguido no futuro, com o objetivo de prevenir guerras.

Planos para o Iraque

As Nações Unidas devem desempenhar o papel central na reestruturação política do Iraque no pós-guerra, defendeu Schröder, acentuando que essa reconstrução significa muito mais que "a restauração de edifícios, poços de petróleo e infra-estrutura".

O estabelecimento de uma ordem democrática e justa no país pressupõe, segundo o chanceler federal, quatro condições:

  • que a integridade territorial e a soberania do Iraque sejam mantidas;
  • que seja atribuída ao povo a determinação de seu futuro político, sob observação dos direitos das minorias que vivem no país;
  • que as reservas de petróleo continuem em posse e sob controle do povo iraquiano e revertam em seu benefício;
  • que se dê impulso a um processo de estabilização política em todo o Oriente Médio.

Fischer x Straw

Joschka Fischer und Jack Straw in Berlin
Fischer e Straw antes do encontro em Berlim dia 2 de abrilFoto: AP

Na busca de uma política externa e de segurança comum para os europeus, a reaproximação com o Reino Unido - após as divergências que se revelaram no conflito do Iraque -desempenha para o governo alemão um papel preponderante. Na noite de quarta-feira (02/04), o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, recebeu em Berlim seu colega de pasta britânico, Jack Straw.

Após o encontro confidencial, Fischer manifestou abertamente a esperança de que a derrocada do regime de Saddam Hussein ocorra "o mais rápido possível", para que "não continuem se perdendo vidas de inocentes". Straw, por sua vez, declarou-se "otimista" quanto à possibilidade de que os europeus encontrem um caminho conjunto para planejar o futuro do Iraque após a guerra.

Em entrevista ao diário Handelsblatt, Fischer acentuou, da mesma forma que Schröder, que nenhum país seja excluído no processo de estruturação da política externa e de segurança européia, "muito menos os britânicos". Ao mesmo tempo ele defendeu, porém que, "se necessário", um grupo menor de países comece com debates e negociações que conduzam mais tarde a acordos. O acordo de Schengen, que eliminou o controle nas fronteiras nacionais de alguns países da União Européia, seria um exemplo disso.

A fim de que a Europa possa desempenhar um papel mais importante no cenário internacional, é indispensável que se reflita a respeito de um aumento dos gastos com a defesa, visando principalmente a uma equiparação das estruturas militares, concluiu o ministro.