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Crise do Kosovo

21 de junho de 2007

Enquanto a Alemanha prorroga por mais um ano seu mandato no Kosovo, europeus e norte-americanos apresentam projeto de resolução da ONU para a região. UE adverte província sérvia para não tentar sozinha sua independência.

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Kosovares querem marcar data para sua independênciaFoto: AP

Com grande maioria, o Parlamento alemão aprovou, nesta quinta-feira (21/06), a prorrogação do mandato no Kosovo. Desta forma, a atuação da Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) fica prolongada por mais um ano na região.

Com 2,2 mil soldados, a Bundeswehr representa o maior contingente da força da Otan no Kosovo (Kfor) e está estacionada na região desde 1999 para assegurar a formação de estruturas democráticas após a guerra da ex-Iugoslávia.

A prorrogação do mandato alemão ocorre um dia após o envio por parte de europeus e norte-americanos de um novo projeto de resolução para o Kosovo na ONU, que prevê um prazo de 120 dias para negociações, proporcionando assim mais tempo de conversações entre sérvios e albaneses do Kosovo. O novo projeto de resolução é lido, claramente, como uma reação a especulações sobre uma possível independência unilateral do Kosovo.

"Soberania fiscalizada"

Segundo a resolução, após o final do prazo de quatro meses, o Kosovo deve, sob supervisão internacional, tornar-se independente, a não ser que o Conselho de Segurança da ONU decida de outra forma.

Ahtisaari
Projeto de Ahtisaari prevê independência em 120 diasFoto: pa / dpa

Tal projeto de resolução é rejeitado, terminantemente, pela Rússia, embora o projeto considere a possibilidade de outras negociações.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitali Tchurkin, explicou que "o projeto não nos leva, infelizmente, a uma aproximação", já que prevê a implementação, após quatro meses, do plano de independência do enviado especial da ONU para o Kosovo, Martti Ahtisaari.

A Rússia, que possui poder de veto e cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, ameaçou vetar o projeto, caso os países ocidentais decidam aprovar a "soberania fiscalizada" da província sérvia. A cúpula política do Kosovo não descarta, agora, a possibilidade de declarar sua independência, mesmo sem apoio internacional.

Independência com data marcada

Fatmir Sejdiu
Fatmir Sejdiu: 'há outros caminhos para a independência'Foto: AP

Após um encontro com o encarregado da UE para o Kosovo, Stephan Lehne, nesta quinta-feira, em Pristina, o presidente Fatmir Sejdiu exigiu da ONU uma data exata para a independência da província.

Em alusão à Rússia, que ameaça vetar o projeto de resolução, Sejdiu afirmou que a região seria agora "refém dos que querem evitar a mudança do status da província, em desacordo com a vontade popular".

Lehne afirma que a UE está ciente da frustração de um adiamento da mudança de status do Kosovo, mas advertiu "contra ações unilaterais ou contra um comportamento irresponsável", referindo-se ao temor de uma possível declaração de independência da região, sem conversações anteriores.

"Isto não os ajudaria a vencer os obstáculos, mas a criar muitas novas barreiras", adverte Lehne. Sedjiu, por sua vez, retruca: "Nós precisamos de uma resolução da ONU, mas se ela não vem, há também outros caminhos".

"Dia de são nunca"

Roland Kather
O alemão Roland Kather comanda a KforFoto: COMKFOR

O general Roland Kather, comandante da Kfor, apelou por uma decisão rápida do Conselho de Segurança da ONU sobre a região. "Tenho a impressão de que as pessoas estão mais maduras do que imaginamos. Não se deve postergar a decisão até o 'dia de São Nunca'. Precisamos dela mais cedo do que tarde", declarou Kather ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger desta quinta-feira.

Segundo ele, a decisão seria importante, pois somente a partir daí o Kosovo poderia, realmente, se desenvolver. O final de sua missão na região, no entanto, não tem previsão. "Ficaremos aqui com a Kfor quanto tempo for necessário. Em princípio, haverá uma fase de transição de 120 dias. Nos seis meses posteriores, a tarefa da Kfor não vai ser alterada. Isto já foi decidido pela Otan, ou seja, em 2007, não haverá mudanças. O que virá depois dependerá da situação", finaliza Kather. (ca)