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Arte digital

5 de novembro de 2011

Há anos trabalhos digitais fazem parte do acervo de museus, tendência que tende a se expandir. Mas sua preservação ainda é árdua, sendo agora tema de exposição no Centro de Arte e Tecnologia de Mídia (ZKM) de Karlsruhe.

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Trabalhos 'Augentauschen', de Heiner Blum
'Augentauschen', de Heiner BlumFoto: picture-alliance/dpa
Ausstellung Digital Art Works
Instalação 'Karlsruhe Moviemap', de Michael NaimarkFoto: picture-alliance/dpa

Quem visitar o Centro de Arte e Tecnologia da Mídia (ZKM, na sigla em alemão) em Karlsruhe, na Alemanha, tem a oportunidade de conhecer uma enorme variedade de trabalhos de arte digital. Uma parede com 50 monitores de televisão piscam como se alguém estivesse constantemente zapeando pelos canais.

Perto dali, é possível pedalar uma bicicleta através de um mundo virtual, seguindo em meio a palavras projetadas em uma enorme tela. Os visitantes também podem usar um iPhone para criar pinturas aleatórias.

Apesar das diferenças sobre quando, como e por que foram criados, os trabalhos da exibição intitulada Trabalhos de Arte Digital: Os desafios da Conservação têm pelo menos uma coisa em comum: todos correm o risco de desaparecer.

"Nos últimos 10 anos tivemos que perceber que a possibilidade de apresentar estes trabalhos de arte está se reduzindo cada vez mais, que estamos perdendo a chance de mostrá-los ao público", conta Bernhard Serhexe, curador da mostra.

A exibição traz 10 estudos de caso, resultantes de um projeto suíço-franco-alemão, que vem testando diferentes estratégias para preservar a arte digital. Há inúmeras questões que ainda precisam ser superadas, segundo os envolvidos.

Peças obsoletas

Um exemplo na mostra é particularmente visível. "Os aparelhos de televisão datam dos anos 90, e eles não mais existem no mercado", afirma Serhexe.

Para evitar problemas com hardwares obsoletos, o ZKM, assim como outras instituições, estão estocando desesperadamente peças de reposição. Recentemente, por exemplo, eles adquiriram mil aparelhos antigos de tevê.

Uma visita ao depósito do museu, repleto de engenhocas e de peças antigas, é uma verdadeira viagem pelo tempo. "Temos um monte de objetos aqui, como velhos computadores Macintosh, interfaces digitais para instrumentos musicais MIDI, e também equipamentos de som como caixas de som 'ultrasonic speakers' e outros componentes, como controles usados na tecnologia de interface no museu", conta Martin Häberle, técnico-chefe do centro.

Häberle e seus colegas estão sempre buscando peças antigas no site de compras eBay e por meio de vendedores especialistas em eletrônicos. Mas ele acredita que em algum momento as peças vão acabar, aumentando a preocupação sobre como manter os trabalhos artísticos funcionando.

"Temos softwares de décadas atrás que não funcionam nos novos equipamentos de hardware. O que poderemos fazer para manter estes softwares antigos funcionando?", questiona o técnico.

A morte da arte imortal

Uma solução seria reescrever o código fonte, mas contratar programadores para fazerem isso sairia, em alguns casos particulares, bem caro. Diante do fato de que aparelhos eletrônicos estão em constante avanço, assim como sistemas operacionais e formatos de armazenamento de dados, levanta-se a questão se os artistas deveriam se dedicar a criar trabalhos digitais que tenham potencial de durar mais.

Esta é uma sugestão que Bernd Lintermann rejeita totalmente. Além de chefe do Instituto de Mídia Visual no ZKM, Lintermann também é um artista que escreve seus próprios programas para criar complexos mundos virtuais usando sons e imagens 3D.

"Eu crio usando os recursos disponíveis da melhor maneira possível. Pensar no futuro me limita, me limita em relação ao que pode ser, ao que é meu pensamento sobre o futuro", diz Lintermann.

Instalação Bar Code Hotel (1994) de Perry Hoberman
Instalação 'Bar Code Hotel', de Perry HobermanFoto: picture-alliance/dpa

Mais dinheiro e mais pesquisas

Essa é uma visão muito diferente daquela de muitos outros artistas, que esperam que seus trabalhos possam alcançar algum tipo de imortalidade. "Diferentemente da pintura e da escultura, que você pode sempre renovar e resgatar o original, acho que na arte digital isso tem um limite, que é alcançado geralmente quando o artista responsável pelo trabalho morre", afirma.

Para Serhexe, isso também significaria que o mundo enfrenta a perda de algumas de suas artes da contemporaneidade mais inventivas e inovadoras. Mais dinheiro e mais pesquisas são urgentemente necessários para encontrar maneiras de preservar esses itens culturais da história.

No momento, visitantes podem admirar a mostra sobre conservação de arte digital no ZKM de Karlsruhe até 12 de fevereiro de 2012. Depois ela deve passar por outras cidades da Borgonha e Estrasburgo, na França.

Autora: Kate Hairsine (msb)
Revisão: Carlos Albuquerque