Presidente alemão cancela ida à Rússia e colhe elogios de críticos de Putin
8 de dezembro de 2013O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, não comparecerá às Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia, num gesto interpretado como um protesto contra a política do presidente russo, Vladimir Putin. A assessoria do chefe de Estado alemão, entretanto, não confirmou que a ausência seja um boicote à repressão à oposição e às violações de direitos humanos naquele país, como noticiou neste domingo (08/12) o semanário Der Spiegel.
A publicação noticiou que Gauck não irá aos jogos, a serem realizados em fevereiro do próximo ano, em protesto contra a opressão imposta pelo Kremlin à oposição russa e à dura postura em relação aos direitos civis.
O chefe de Estado alemão − cuja função é fundamentalmente representativa − foi pastor protestante e ativista dos direitos civis na antiga Alemanha Oriental. Desde que assumiu o cargo, em março de 2012, ele ainda não fez uma visita oficial à Rússia.
Porta-voz ameniza
A porta-voz de Gauck confirmou à agência AFP que "o presidente não vai comparecer aos Jogos Olímpicos de Inverno", mas ressaltou que o gesto não deve ser entendido como boicote e lembrou que vários dos antecessores dele também não foram a Jogos de Inverno. Em 2010, o então presidente alemão Horst Köhler não compareceu aos jogos realizados em Vancouver, no Canadá. Gauck, no entanto, esteve em Londres durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos em 2012.
O chefe da comissão de Relações Exteriores no Parlamento russo, Alexei Puschkow, criticou a decisão. "O presidente alemão Joachim Gauck jamais criticou o assassinato de crianças e mulheres no Paquistão e no Afeganistão. Mas ele condena a Rússia de forma tão firme que nem sequer quer viajar a Sochi", escreveu o influente parlamentar em sua conta na rede social Twitter.
Elogios de críticos do Kremlin
No passado, Gauck cobrou várias vezes respeito ao Estado de direito e à liberdade de imprensa na Rússia. O governo do país vem sendo internacionalmente criticado por violações dos direitos humanos, pela pressão sobre a oposição e por uma lei anti-homossexuais introduzida neste ano.
"A recusa do presidente Gauck é um gesto maravilhoso de apoio a todos os cidadãos russos que lutam por liberdade de expressão, democracia e direitos civis", elogiou Markus Löning, encarregado para assuntos de direitos humanos do governo alemão e integrante do Partido Liberal Democrático (FDP).
A vice-presidente do Parlamento alemão, a deputada verde Claudia Roth, também saudou a decisão do chefe de Estado. "Esta é uma atitude forte do presidente e um sinal encorajador", afirmou em entrevista ao jornal Rheinische Post. "Não devemos ficar de braços cruzados a políticas que transformam homofobia em lei e oprimem a oposição", acrescentou.