Presidente português intervém para viabilizar Eurocopa
10 de março de 2002O presidente português, Jorge Sampaio, decidiu assumir o comando da organização para a Eurocopa 2004. Em reunião de emergência com representantes de clubes, governo federal e políticos regionais, Sampaio cobrou maior compromisso de todos com a realização do campeonato europeu de futebol a fim de evitar maiores danos à imagem de Portugal. Por causa de desentendimentos internos, a Uefa já ameaçou transferir a Eurocopa de Portugal para outro país.
"As últimas divergências internas causaram grande prejuízo à nossa fama", admitiu o presidente. O nó da questão está sobretudo no financiamento para a construção de novos estádios e infra-estrutura (estradas, hotéis, hospitais e aeroportos) nas cidades que vão sediar as partidas. No último fim de semana, por exemplo, foi paralisada a construção do novo estádio do FC Porto, pois o clube e a prefeitura não conseguem chegar a um acordo sobre as subvenções municipais e o planejamento da obra.
O problema repete-se em outras cidades. Ao todo, devem ser construídos sete novos estádios até 2004 e três seriam renovados. Na reunião com o presidente da República, os clubes portugueses reafirmaram por unanimidade a meta. Os cartolas saíram satisfeitos do encontro, mas evitaram entrar em detalhes da conversa. Eles apenas elogiaram a intervenção de Sampaio e ressaltaram ter confiança que tudo irá se resolver.
De acordo com os planos originais, as obras seriam parcialmente financiadas com 185 milhões de euros dos cofres públicos. No entanto, reivindica-se agora o dobro da quantia, alegando-se que a dotação inicial não será suficiente. O presidente do Sporting, Dias da Cunha, garante não haver "derrapagem" nos custos. "Muito pelo contrário, as contas foram bem feitas e se há algum agravamento do custo dos estádios, isso teve a ver com a alteração da legislação", disse ele após a reunião com o presidente Sampaio.
Dias da Cunha ressaltou que, quando o orçamento foi elaborado, não havia uma legislação específica para a construção de estádios e que a nova lei criada em Portugal estabeleceu exigências de segurança muito mais rigorosas do que as das própria Uefa.