Primeiro-ministro do Iraque anuncia renúncia
29 de novembro de 2019O primeiro-ministro do Iraque, Adil Abdul-Mahdi, informou nesta sexta-feira (29/11) que apresentará sua renúncia ao Parlamento.
O anúncio, transmitido na televisão estatal, ocorreu momentos depois que a mais alta autoridade religiosa xiita do Iraque, aiatolá Ali al-Sistani, divulgou um sermão afirmando que o Parlamento que levou Abdul-Mahdi ao poder deve "reconsiderar suas opções".
O discurso de Al-Sistani foi uma reação ao acirramento da violência nos protestos contra o governo no dia anterior, quando mais de 40 manifestantes foram mortos na capital e em localidades no sul do país.
Al-Sistani exortou os deputados a agir "no interesse do Iraque para poupar o sangue de seus filhos e impedir que o país mergulhe em violência, caos e destruição", no sermão, lido por seu vice, Ahmed al-Safi na cidade de peregrinação de Kerbela. O religioso condenou a violenta repressão das forças de segurança contra manifestantes, que já havia sido criticada em um relatório do governo como excessiva.
O Iraque é abalado há dois meses por uma série de protestos violentos contra o governo, que já mataram quase 400 pessoas e feriram mais de 15 mil.
As manifestações, que vêm ocorrendo desde o início de outubro, são dirigidas contra a elite política dominada pelos xiitas, acusada pelos manifestantes de má gestão, corrupção e pela alta taxa de desemprego.
Segundo o Banco Mundial, a taxa de desemprego entre jovens no Iraque é de cerca de 25%. O país é classificado como a 12ª nação mais corrupta do mundo pela ONG Transparência Internacional.
Esta é a maior onda de protestos desde a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003. Os manifestantes exigem a troca de governo e um novo sistema político.
O premiê Abdul-Mahdi reconheceu que decidiu renunciar após ouvir o discurso do aiatolá Ali al-Sistani. "Em resposta a esta chamada, e para facilitá-la o mais rápido possível, apresentarei ao Parlamento uma solicitação da minha renúncia da liderança do atual governo", disse o comunicado.
O primeiro-ministro também se referiu no texto ao discurso à nação feito no último dia 31 de outubro pelo presidente iraquiano, Barham Salih, em que ele assegurou que o premiê apresentaria sua renúncia se as forças políticas chegassem a um acordo e propusessem uma substituição.
No entanto, Abdul-Mahdi afirmou em várias ocasiões que ainda estava disposto a apresentar sua renúncia, mas alertou que essa opção causaria muitos problemas para o país.
MD/afp/efe/lusa/ap/rtr/dpa
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