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Catástrofe de Ludwigshafen

Agências (ca)7 de fevereiro de 2008

Na Alemanha, o primeiro-ministro turco Erdogan visitou ruínas do incêndio em Ludwigshafen, onde morreram nove pessoas de origem turca. Deputada alemã de origem turca o critica por instrumentalizar o sinistro.

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Bandeira turca em frente às ruínas do prédio incendiado em LudwigshafenFoto: picture-alliance/ dpa

O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan visitou, nesta quinta-feira (07/01), o local do incêndio no prédio residencial de Ludwigshafen (sudoeste da Alemanha), que causou a morte de nove pessoas, entre elas, cinco crianças. Sessenta pessoas ficaram feridas. O prédio era habitado exclusivamente por cidadãos de origem turca.

Embora propagadas pela imprensa turca, suspeitas de atentado incendiário não se confirmaram até agora. Por ser pichação muito antiga, a palavra Hass (ódio), escrita na entrada do prédio em letras rúnicas (alfabeto usado pelas nazistas), não deve ser relacionada ao incêndio, explicou o porta-voz da polícia, Volker Klein.

Os ataques da imprensa turca aos bombeiros que atuaram no incêndio foram motivo de critica de entidades turcas e vítimas do sinistro. Lale Akgün (SPD), deputada alemã de origem turca e responsável por assuntos islâmicos da bancada social-democrata, critica também a atual visita do primeiro-ministro turco, que abre na sexta-feira a Conferência de Segurança de Munique.

Próximo domingo em Colônia

Bei einem Wohnungsbrand in Ludwigshafen kamen mehrere Menschen ums Leben.
Prédio era habitado por pessoas de origem turcaFoto: AP

Antes de partir para a Alemanha, Erdogan elogiou a cooperação entre peritos turcos e alemães nas investigações do incêndio. A Turquia enviou um grupo de especialistas para acompanhar a perícia.

Eles podem fazer perguntas, mas não interrogatórios. Erdogan salientou, em Ancara, que a Turquia carrega uma responsabilidade pelos cidadãos que moram fora e, por tal, quer acompanhar de perto o desenvolvimento das investigações.

Após abrir, na sexta-feira, a Conferência de Segurança de Munique, Erdogan se encontrará no próximo domingo, em Colônia, com representantes de organizações turcas e falará para 20 mil cidadãos turcos residentes na Alemanha.

A cidade está cheia de cartazes em turco anunciando a vinda do primeiro-ministro. O evento é organizado pela União dos Democratas Turco-Europeus (UETD), organização sediada em Colônia, que, segundo Akgün, está ligada ao AKP, partido do governo turco conservador de Erdogan.

Visita sob pressão

Deutschland Türkei Brand Solingen
Atentando em Solingen, em maio de 1993Foto: AP

Segundo o porta-voz da UETD, Ismet Aytekin, não se trata de campanha eleitoral para Erdogan. "A Turquia não está em período eleitoral", afirma. Aytekin explica que o primeiro-ministro quer, sobretudo, "apresentar sua política de reformas".

Outros possíveis temas seriam o incêndio de Ludwigshafen, a construção da mesquita central de Colônia e o pretendido fim da proibição do uso do véu nas universidades turcas.

Segundo a responsável por assuntos islâmicos da bancada social-democrata, Lale Akgün, a visita de Erdogan à Alemanha acontece num período onde ele se encontra sob pressão na Turquia por querer permitir o uso do véu islâmico nas universidades do país.

"Ele precisa de um tema com o qual ele possa se sair com sucesso, e por isso declarou, naturalmente, o incêndio de Ludwigshafen como assunto seu", afirmou Akgün em entrevista à emissora Deutschlandfunk.

Críticas à imprensa turca

Türkische Frauen vor ausgebranntem Haus in Ludwigshafen
Vítimas do incêndio agradecem aos policiais e bombeirosFoto: AP

Kenan Kolat, presidente da Comunidade Turca na Alemanha, criticou a imprensa turca pelas acusações levantadas contra os bombeiros e pelas especulações sobre um possível incêndio criminoso. Kamil Kaplan, vítima do incêndio e tio do bebê jogado pela janela nos braços de um policial durante o sinistro, afirmou querer agradecer a atuação da polícia e do corpo de bombeiros. Ele advertiu seus conterrâneos na Alemanha a não fazer algo de errado.

Ruprecht Polenz (CDU), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento alemão, pediu à imprensa turca uma maior contenção nos comentários sobre o incêndio em Ludwigshafen. "É necessário respeitar as vítimas, esperar os resultados das investigações policiais e evitar pré-julgamentos", afirmou Polenz

O político acresceu ainda ser compreensível que a atual catástrofe lembre os ataques incendiários de Solingen, em 1993, quando foram mortas duas mulheres e três crianças de origem turca, mas "colocar lenha na fogueira não ajuda, agora, a ninguém".

Na visita realizada nesta quinta-feira às ruínas do prédio incendiado, o primeiro-ministro turco foi acompanhado pelo governador da Renânia-Palatinado e presidente do Partido Social Democrata, Kurt Beck. Na ocasião, Beck garantiu a Erdogan tudo fazer para esclarecer os motivos do incêndio.