Processo de impeachment contra Trump avança na Câmara
31 de outubro de 2019O processo de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avançou na Câmara dos Representantes nesta quinta-feira (31/10), quando os deputados democratas fizeram aprovar uma legislação que estabelece os próximos passos no inquérito.
A votação foi o primeiro teste formal de apoio ao processo de impeachment, que gira em torno da tentativa do líder americano de pressionar a Ucrânia a investigar um rival político. O processo tramita desde setembro na Câmara dos EUA, controlada pela oposição democrata.
A formalização do inquérito foi aprovada por 232 votos a 196, demonstrando unidade entre os democratas que acusam Trump de abuso de poder e de comprometer a segurança nacional para ganho político pessoal. Também unidos, todos os republicanos votaram contra.
Apenas dois deputados do Partido Democrata votaram contra o avanço do processo: o novato Jeff Van Drew, de New Jersey, e o veterano de 15 mandatos Collin Peterson, de Minnesota, um dos membros mais conservadores do partido oposicionista.
"Este é um dia triste. Ninguém vem ao Congresso para afastar um presidente", declarou a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, antes da votação.
Trump, por sua vez, afirmou no Twitter que esta é a "maior caça às bruxas da histórica americana", repetindo um termo que vem usado insistentemente para se referir ao processo.
A resolução aprovada nesta quinta-feira estipula um roteiro, embora não um calendário, para dar continuidade à investigação que até o momento tem sido conduzida em regime confidencial e seguindo regras estabelecidas pela maioria democrata.
O texto autoriza o Comitê de Inteligência da Câmara a tornar públicas as audiências e a elaborar um relatório para que o Comitê Jurídico decida se redige artigos para o processo político contra Trump, que ocorreria no Senado, onde os republicanos têm uma maioria.
Além disso, permite que os advogados do presidente participem das audiências, que os republicanos convoquem testemunhas a depor e que solicitem documentos. Os procedimentos, porém, precisam ser aprovados pela maioria dos parlamentares.
"Essa resolução garante que haverá transparência", defendeu Pelosi. Os republicanos, por outro lado, criticaram a medida e afirmaram que ela favorece os interesses da oposição.
Apesar de a formalização do processo garantir a Trump o direito de se defender, a porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, descreveu o processo como uma "tentativa descaradamente partidária de destruir o presidente".
"Isso segue sem dar nenhuma garantia de devido processo ao governo. Os democratas querem chegar a um veredicto sem dar ao governo uma oportunidade de montar sua defesa. Isso é injusto e inconstitucional", acusou Grisham.
A expectativa é que os democratas consigam reunir sem dificuldade os votos necessários para votar o impeachment de Trump. No entanto, o processo também precisa passar pelo Senado, controlado pelos republicanos. Por enquanto, as principais lideranças do partido seguem ao lado do presidente.
Desde a abertura do inquérito, em 24 de setembro, os comitês da Câmara que conduzem a investigação têm ouvido informantes e testemunhas a portas fechadas e reunido evidências para embasar o processo de afastamento.
A investigação foi aberta após um informante ter expressado preocupação com comentários feitos por Trump em uma ligação com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em 25 de julho.
No telefonema, o líder republicano pediu ao ucraniano que investigasse o ex-vice-presidente americano Joe Biden, pré-candidato democrata à presidência em 2020, e seu filho, Hunter Biden, que foi membro do conselho de uma empresa de gás ucraniana.
O pedido de Trump veio após ele ter retido uma ajuda financeira milionária à Ucrânia. Em setembro, mais de um mês depois da conversa telefônica, a verba foi descongelada.
A imprensa americana e a oposição democrata especulam que o republicano montou um cenário de pressão econômica para conseguir a colaboração de Zelensky, abusando de seu poder como presidente para ganho político pessoal, o que Trump nega.
EK/ap/dpa/efe/rtr
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