Produção de alimentos na Síria tem baixa recorde, diz ONU
15 de novembro de 2016A produção de alimentos na Síria atingiu a sua maior baixa dos últimos tempos. O alerta foi lançado nesta terça-feira (15/11) pela Organização das Nações Unidas (ONU), às vésperas do sexto inverno que os civis sírios enfrentarão com o país em guerra.
Muitos produtores de alimentos tiveram de abandonar suas terras, sem condições de custear a compra de sementes e fertilizantes para as plantações e combustível para os tratores, afirma a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Segundo o alerta da FAO, a produção de trigo – muito importante para a produção de pães, base da dieta síria – caiu de uma média de 3,4 milhões de toneladas métricas colhidas antes de a guerra começar, em 2011, para 1,5 milhões este ano.
Ainda segundo FAO, a área plantada de cereais na safra 2015-16 é "a menor de todos os tempo". Outras pesquisas e visitas de campo também mostraram baixa produção de cevada.
"A produção de alimentos na Síria atingiu baixa recorde devido à guerra e à insegurança, mas também tem a ver com as condições climáticas", afirmou a porta-voz da FAO Bettina Luescher.
"Insegurança alimentar"
A baixa nas reservas de alimentos é ainda mais preocupante no leste de Aleppo, a parte rebelde da cidade sitiada por forças governamentais, onde ainda vivem entre 250 mil e 275 mil civis, de acordo com estimativas da ONU.
"As últimas provisões de alimentos fornecidas pela ONU foram distribuídas (no leste de Aleppo). É muito difícil dizer como as pessoas vão lidar com isso. Claro que é uma situação muito diferente na capital, onde a comida está disponível nos mercados e as pessoas podem comprar coisas”, disse Luescher.
De acordo com a porta-voz da FAO, mais de sete milhões de pessoas na Síria estão em situação de "insegurança alimentar", o que significa que não sabem como terão acesso à próxima refeição.
Para tentar reduzir os impactos da falta de alimentos, a FAO está distribuindo provisões para mais de quatro milhões de pessoas por mês na Síria.
No mês passado que o governo sírio fechou um acordo para comprar um milhão de toneladas de trigo da aliada Rússia, o suficiente para cobrir as áreas controladas pelo governo por um ano.
Antes da guerra, a Síria era um exportador de gado. "Agora os rebanhos e a criação de aves encolheram. Há 30% menos gado, 40% menos ovelhas e cabras e 60% menos aves, que são naturalmente a fonte mais acessível de proteína animal", ressaltou Luescher.
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