Literatura alemã no Brasil
25 de maio de 2007Em 2004, a revista eletrônica de literatura Litrix.de foi lançada para que o público internacional tivesse um canal direto de informação sobre os lançamentos do mercado editorial alemão e para impulsionar as traduções da literatura contemporânea alemã ao redor do mundo.
O primeiro investimento, que ocorreu também no ano de 2004, foi no mundo árabe. Depois do 11 de setembro de 2001 e de todas as conseqüências do ataque às torres americanas, parecia necessário divulgar um pouco mais da cultura e do pensamento ocidental para essa região.
A página apresenta alguns lançamentos a cada mês, definidos por um júri formado por cinco especialistas em literatura alemã que conheçam as áreas de ficção, ensaios e literatura infanto-juvenil. Participam do júri críticos literários que escrevam para cadernos de literatura de grandes jornais alemães ou para revistas especializadas.
Um membro estrangeiro finaliza a composição daqueles que serão os responsáveis por escolher para o site os livros divulgados. Esse membro internacional do júri deve conhecer muito bem a literatura alemã e de seu país e é o reponsável pelo "olhar de fora" sobre a literatura germânica, facilitando a escolha do que pode ser interessante para o leitor estrangeiro.
A idéia é que apenas lançamentos sejam parte do programa de incentivo. Nada impede que as editoras negociem outros títulos de seus catálogos, mas o objetivo do Litrix é mostrar aquilo que ainda não está nas mãos de agentes literários ou em negociação em feiras de livro. Apenas a tradução de livros lançados no último ano é fomentada e as editoras têm a possibilidade de escolher seus tradutores, mas a página oferece ajuda na escolha de profissionais.
Este ano é vez do Brasil no programa. "Queríamos um país que não fosse óbvio, um lugar para o qual não estivessem voltadas todas as atenções, mas ainda assim fosse interessante para a divulgação da cultura alemã", disse à DW-WORLD Anne-Bitt Gerecke , uma das idealizadoras da revista e responsável pelo projeto que já conseguiu fazer a literatura do país penetrar no mundo árabe e na China.
Além disso, as editoras alemãs foram consultadas sobre seus interesses de divulgação, quando da escolha do país a suceder a China no programa. Muitas editoras citaram o Brasil como possibilidade, facilitando ainda mais o processo de decisão da equipe do Litrix.
Intercâmbio de letras
A página do Litrix.de, assim como aconteceu para as outras línguas, foi toda traduzida para o português. Além das amostras de tradução e informações sobre os livros escolhidos pelo júri, a revista Litrix, que conta com artigos analíticos sobre a literatura alemã contemporânea, também está à disposição em português, para que o público do site também tenha a oportunidade de entender mais sobre o cenário contemporâneo da literatura alemã.
Em meados de junho, as coordenadoras do projeto partem em viagem para o Brasil para apresentar o programa às editoras no Rio de Janeiro e em São Paulo e para definir concretamente os planos com o parceiro oficial do programa no Brasil, o Instituto Goethe.
Além de apoiar as traduções de obras e divulgar a cultura alemã por um ano no Brasil, o Litrix pretende promover oficinas de tradução e conferências dos os autores traduzidos no país, bem como fortalecer a participação da literatura alemã em eventos brasileiros, como as Bienais do Livro que acontecem nas grandes cidades.
Apesar de não existir oficialmente, por parte do Litrix, o apoio para a divulgação da literatura brasileira na Alemanha, Gerecke afirma que todo esse esforço acaba estreitando os laços entre as editoras alemãs e brasileiras, possibilitando que títulos e autores se tornem conhecidos e sejam traduzidos.