Proteção ambiental: Alemanha no rumo certo?
11 de novembro de 2002Nesta segunda-feira (11/11) teve início em Wiesbaden a conferência de dois dias sobre o mercado internacional de emissões de gases com efeito estufa. Um dos temas principais aborda a introdução de um sistema de comércio de emissão de gases na Alemanha.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin, a Alemanha será um mercado em âmbito europeu que irá vender para outros países o direito de emissão de gases. Sua afirmação se baseia na expectativa de que as metas de redução da poluição ambiental, estipuladas pelo governo alemão e pelo Protocolo de Kyoto, sejam extrapoladas. Com isto, a porcentagem superada poderá ser comercializada, beneficiando as nações que não conseguiram atingir a meta.
"Se continuarmos seguindo de forma conseqüente a nossa estratégia para a redução de dióxido de carbono, vamos não só alcançar o objetivo proposto como superá-lo", garantiu o ministro alemão, referindo-se ao acordo internacional de Kyoto.
Otimismo exagerado?
Trittin tem motivos para estar otimista. Segundo um recente relatório do Departamento Federal de Estatística, nos últimos anos a Alemanha apresentou uma redução de gases poluentes e consumo de energia, apesar do crescimento econômico no país.
Ao ratificar o Protocolo de Kyoto, a Alemanha se comprometeu a reduzir as emissões de seis gases que provocam o efeito estufa (GEE) em 21% até 2012, tendo como base os valores de 1990. Em uma década, a Alemanha conseguiu diminuir a emissão de GEE mantendo uma média anual de cerca de 2,1%. Para que o objetivo seja alcançado, o país precisa reduzir cerca de 0,3% nos próximos doze anos.
Além disso, o governo alemão estipulou uma redução da emissão de dióxido de carbono, um dos gases mais danosos, que provocam o efeito estufa, em 25% até 2005. Desde 1990, a diminuição de CO2 atingiu uma média de 1,3% por ano. Para que a meta proposta seja atingida, a Alemanha deve conseguir que a redução aumente para 3,6% ao ano.
Dúvidas pairam no ar
Os especialistas em questões ambientais estão um tanto descrentes em relação ao otimismo de Trittin. "Segundo os nossos cálculos, a meta de redução do GEE em 21% não será alcançada por pouco. Por isso, defendo a idéia de que este objetivo não está assegurado, embora seja viável. Quanto à outra meta, a redução do CO2 em 25% até 2005, é preciso dizer que não vai dar certo", declarou o professor Bernd Meyer, da Universidade de Osnabrück.
Para os especialistas, o governo alemão precisa ser mais atuante para que os objetivos sejam alcançados com o êxito desejado. O fato de a Alemanha ter conseguido nos últimos anos aliar a redução da poluição ambiental com o crescimento econômico não basta para garantir a estabilidade desta conquista a longo prazo.
"Para atender as metas alemãs de desenvolvimento sustentável esta conciliação (menos poluição e maior crescimento econômico) não é suficiente", garantiu o presidente do Departamento Federal de Estatística, Johann Halen.