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Bangladesh e o clima

25 de novembro de 2011

Os participantes da Conferência de Durban não debaterão apenas metas climáticas. Eles também vão discutir de onde virá o dinheiro para que os países pobres possam enfrentar os efeitos do aquecimento global.

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Elevação do nível do mar é motivo de preocupaçãoFoto: picture-alliance/dpa

A Conferência do Clima de 2009 em Copenhague terminou aquém das expectativas, mas lá foi definido algo importante: pela primeira vez, as nações industrializadas admitiram que os países em desenvolvimento arcam com custos terríveis em função das mudanças climáticas. Foi fixada uma meta: pagar a esses países um total de 100 bilhões de dólares por ano, a partir de 2020. Em 2010, a meta foi novamente confirmada em Cancún. O dinheiro deverá auxiliar os países pobres a se adaptarem às mudanças climáticas e a investirem em energias limpas.

Reisanbau in Bangladesch nach Hochwasser
Problema atinge também o interior de BangladeshFoto: dpa

O funcionamento do chamado Fundo do Clima Verde (FCV) ainda é, contudo, um tema controverso. Encontrar uma solução seria um passo importante no sentido de desatar os bloqueios nas negociações sobre o clima. Christiana Figueres, secretária-executiva das Nações Unidas para mudanças climáticas, afirmou recentemente que os representantes dos países enviados à conferência Durban deverão definir as diretrizes que irão vigorar a partir de 2013 – caso o esboço apresentado seja aceito. Figueres salientou, contudo, que o momento de crise financeira não é, de fato, "a melhor hora" para negociações que envolvem dinheiro.

Um dos pontos mais polêmicos é o montante de verbas "novas" fluindo para os fundos de ajuda. Os países em desenvolvimento acusam as nações industrializadas de desviar para o Fundo do Clima Verde recursos já existentes para programas de ajuda ao desenvolvimento. Sobretudo o Reino Unido foi muito criticado nesse sentido. Até hoje, as promessas de que 90% dos recursos adicionais seriam investidos em outros programas de ajuda ao desenvolvimento não foram cumpridas.

Os países mais pobres argumentam que uma mera reestruturação dos recursos não levaria em conta que as nações industrializadas são as principais responsáveis pelos problemas causados pela mudança climática, enquanto os países em desenvolvimento arcam com a maior parte das consequências.

O exemplo de Bangladesh

Os problemas de Bangladesh ilustram essa tese. Em outubro de 2011, analistas de risco da empresa Maplecroft apresentaram um índice dos países mais ameaçados pelas mudanças climáticas entre as 200 nações do mundo. O resultado mostrou que 14 países estão extremamente ameaçados, e Bangladesh se encontra em primeiro lugar.

Bangladesch Überschwemmungen
Crianças também são afetadasFoto: picture-alliance/dpa

A maior parte dos 160 milhões de habitantes do país vive na região costeira. Só isso já torna o país extremamente vulnerável à elevação do nível do mar, mesmo que seja de apenas um metro. Além disso, Bangladesh enfrenta problemas de pobreza e condições climáticas extremas, e o governo não dispõe de meios para proteger o país de maneira efetiva contra os efeitos das mudanças climáticas.

O ministro do Meio Ambiente de Bangladesh, Hasan Mahmud, afirmou à Deutsche Welle que seu país tem que se preparar intensamente para a elevação do nível do mar. "Precisamos melhorar a proteção da nossa região costeira, aumentar a capacidade dos nossos rios e indenizar os milhares de habitantes atingidos pelo problema", afirmou Mahmud. Tudo isso, segundo ele, custa muito dinheiro. Em 2010, o Banco Mundial estimou que a proteção contra enchentes, ao longo dos 6 mil quilômetros da costa em Bangladesh, custaria em torno de 5 bilhões de dólares.

O país já recebeu algumas doações, subvenções e empréstimos para complementar os 100 milhões anuais do orçamento público destinados a contornar os efeitos das mudanças climáticas. Recursos do FCV, contudo, o governo do país viu poucos até agora.

Estritamente necessárias, mas com recursos adicionais

Hasan Mahmud Konferenz Auswärtiges Amt
Mahmud, ministro do Meio Ambiente de Bangladesh: 'Temos muito a fazer'Foto: Thomas Köhler/photothek.net

Sayeda Selim Tawhid, analista do Banco Mundial, defende uma ação rápida nesse sentido. "Os riscos nas regiões costeiras continuam aumentando – ao mesmo tempo surgem novos problemas no interior. As medidas contra a mudança climática são estritamente necessárias, além da ajuda regular ao desenvolvimento."

As vozes de países como Bangladesh vêm sendo cada vez mais ouvidas no cenário internacional. Duas semanas antes da cúpula do clima em Durban, enviados de 30 países especialmente ameaçados pelas mudanças climáticas reuniram-se em Bangladesh para acertar suas posições a respeito. O "Fórum dos Ameaçados pelo Clima", criado nas Ilhas Maldivas, em 2009, repetiu a exigência de "novos" recursos, adicionais aos já destinados às obrigações de ajuda ao desenvolvimento.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, elogiou a união dos países reunidos em Bangladesh por suas "obrigações em prol de um crescimento verde", tendo incentivado os mesmos a agirem "com força e união" em Durban. Ban afirmou que o mundo precisa encontrar um caminho para a criação do fundo de 100 bilhões de dólares.

Autores: Tamsin Walker, Iftekhar Mahmud (sv)
Revisão: Augusto Valente