Puigdemont promete resistência pacífica a Madri
21 de outubro de 2017O chefe do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, assegurou neste sábado (21/10), em Barcelona, que os catalães vão resistir "de forma pacífica" ao "ataque à democracia" empreendido por Madri.
Puigdemont anunciou, numa declaração televisiva, que convocará o Parlamento regional para reunir-se com vista a decidir sobre "a intenção de liquidar" o governo catalão, naquele que considera ser "o pior ataque às instituições" democráticas desde os tempos do ditador Francisco Franco.
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O líder da Catalunha respondeu assim às medidas apresentadas neste sábado em Madri pelo governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy, para restaurar a legalidade na Catalunha, que incluem o afastamento de Carles Puigdemont e de sua equipe, com as suas responsabilidades a serem assumidas pelos respetivos ministérios setoriais em Madri.
"Golpe de Estado"
O governo espanhol propôs a destituição do presidente da Catalunha e todos os membros do seu Executivo, a limitação das competências do Parlamento regional e novas eleições num prazo de seis meses.
Essas foram as principais medidas de aplicação do artigo 155 da Constituição espanhola para repor a legalidade na Catalunha e que agora têm de ser aprovadas pelo Senado, muito provavelmente na próxima sexta-feira, 27 de outubro.
A presidente do Parlamento da Catalunha, Carme Forcadell, garantiu neste sábado que os integrantes da Câmara não permitirão a implementação dessas medidas, que ela qualificou de "golpe de Estado". Segundo ela, o Executivo espanhol "passou de todos os limites".
"Os que enchem a boca para falar da Constituição cairão no maior flagrante de inconstitucionalidade ao tentar suspender a democracia na Catalunha", afirmou.
Ela lembrou que as autoridades catalãs fizeram uma oferta de diálogo ao governo espanhol, mas disse que o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, tem se comportado "com enorme irresponsabilidade política" e que no final deu um "golpe de Estado com o qual pretende decapitar as instituições catalãs e se apropriar delas."
Protesto em Barcelona
Também no sábado, autoridades da Catalunha, entre elas Carles Puigdemont, e dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestação no centro de Barcelona contra as medidas decididas pelo governo da Espanha para restabelecer a ordem constitucional na região.
Com gritos de "independência", o protesto foi organizado com o lema: "Em defesa dos direitos e das liberdades". A manifestação já tinha sido convocada há alguns dias para exigir a liberdade de dois líderes de entidades sociais independentistas que foram detidos.
Os dois foram presos provisoriamente por ordem da Audiência Nacional da Espanha acusados do crime de "insurreição" por promover o assédio à Guarda Civil em Barcelona quando os agentes federais faziam uma operação numa sede do governo regional em setembro.
CA/efe/lusa
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