1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Putin admite pela primeira vez possibilidade de não vetar ataque à Síria

4 de setembro de 2013

Na véspera da cúpula do G20, presidente russo adota tom conciliador e sugere que, se for realmente provado que Assad usou armas químicas, pode se abster em votação na ONU. Na Suécia, Obama apela a Moscou por apoio.

https://p.dw.com/p/19bxj
Foto: picture-alliance/dpa/Itar-Tass/Alexei Nikolsky

Na véspera da cúpula do G20, o presidente russo, Vladimir Putin, usou de um tom conciliador em relação ao debate sobre um eventual ataque militar contra a Síria. Ele não descartou que Moscou venha a aprovar uma operação liderada pelos Estados Unidos, "caso haja provas convincentes" sobre o uso de armas químicas por Damasco.

Em entrevista concedida a um canal de televisão estatal russo em conjunto com a agência de notícias AP, Putin condicionou seu aval à apresentação de "evidências convincentes" no Conselho de Segurança da ONU comprovando a culpa do regime sírio.

"Mas as provas não devem ser baseadas em boatos ou em informações de inteligência retiradas de conversas ou telefonemas grampeados", frisou o líder russo.

Ação decidida

Putin garantiu que, se as evidências forem claras, a Rússia estará pronta "para agir de forma bastante decidida", e sugeriu que pode não vetar um ataque militar ocidental. O chefe do Kremlin frisou que considera "inaceitável" uma ação sem mandato da ONU.

"Segundo a lei internacional, só o Conselho de Segurança da ONU pode decidir sobre o uso de armas contra um Estado soberano ", ressaltou.

USA Washington US-Senatsanhörung zum Syrien-Einsatz
Kerry alertou para consequências políticas de inatividade dos EUAFoto: Reuters

Putin aproveitou a entrevista para lançar uma crítica velada à postura de Washington, lembrando da possibilidade de que o ataque químico tenha vindo da oposição.

"Se ficar demonstrado que os rebeldes usaram armas químicas, o que os EUA farão com os guerrilheiros? Deixarão de fornecer-lhes armas? Lançarão operações militares contra eles?", questionou.

Lobby em Washington

Nos EUA, o governo continua seu lobby para conquistar aliados no Congresso a favor de um ataque militar. O secretário de Estado, John Kerry, advertiu em uma audiência perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado sobre as consequências para a credibilidade do governo dos EUA, caso Assad não seja punido pelo uso de armas químicas. Kerry argumentou que há o perigo que também o Irã e a Coreia do Norte comecem a duvidar da capacidade de Washington.

"Levantamos a voz contra horrores indizíveis. Agora, temos de agir", disse Kerry. O secretário de Defesa, Chuck Hagel, também alertou para uma possível perda de credibilidade. "A palavra dos Estados Unidos deve valer algo", afirmou durante a audiência.

John Boehner nach Treffen Abgeordnete im Weißen Haus Militärschlag Syrien
Líder republicano John Boehner apoia intervenção militarFoto: Getty Images

A Comissão de Relações Exteriores apresentou um projeto de resolução que limita o ataque a um máximo de 90 dias. O documento, elaborado em conjunto por republicanos e democratas, descarta completamente um destacamento de tropas terrestres. Dois importantes líderes republicanos na Câmara dos Representantes, John Boehner e Eric Cantor, se disseram a favor de uma intervenção militar.

Entre a população, entretanto, a maioria ainda é contra uma intervenção. Segundo uma sondagem da Ipsos realizada por encomenda da agência de notícias Reuters, 56% dos eleitores são contra um ataque dos EUA, enquanto 19% são a favor.

Apelo a Moscou

O presidente dos EUA, Barack Obama visitou a Suécia nesta quarta-feira, antes de seguir para São Petersburgo, onde participa da cúpula do G20 a partir da quinta-feira.

Em Estocolmo, ele lançou apelo para que o Kremlin mude sua posição em relação ao conflito sírio. "A ação internacional seria muito mais eficiente, caso a Rússia considerasse o assunto de forma diferente", opinou, em entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou que um ataque militar na Síria pode agravar o conflito: "Em qualquer caso, as penalidades [contra o regime sírio] têm que ser aplicadas nos termos da Carta das Nações Unidas."

MD/afp/dpa/efe