Putin desafia Turquia e elogia Trump
17 de dezembro de 2015O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se esforçou nesta quinta-feira (17/12), ao longo das quase três horas de entrevista coletiva em Moscou, para atrair a atenção da audiência doméstica, abordando temas como a saída da recessão econômica. Mas foram os elogios a Donald Trump e as declarações em tom desafiador sobre a Turquia que geraram burburinho, risos e até aplausos entre os quase 1.400 jornalistas presentes.
Putin afirmou, por exemplo, que o pré-candidato republicano quer "passar a outro nível as relações com a Rússia, para relações mais sólidas e profundas". "É uma pessoa muito brilhante e de talento, sem dúvida alguma. Não é assunto nosso destacar suas qualidades, mas é o líder absoluto na corrida presidencial", afirmou o chefe do Kremlin, em sua grande entrevista coletiva anual.
"Nós estamos prontos para trabalhar com qualquer presidente que o povo americano votar", continuou o líder russo. "São eles [os americanos] que tentam, o tempo todo, nos instigar em quem devemos votar."
Turquia e Síria
Putin se mostrou não muito otimista quanto às relações da Rússia com a Turquia. Para ele, é difícil alcançar um acordo com a atual liderança turca. Ele afirmou não ter nenhuma esperança que as relações bilaterais sejam normalizadas.
Novamente, ele considerou que o abate de um caça russo pelos turcos, no final de novembro, na fronteira entre a Turquia e a Síria, foi um "ato hostil" e desafiou Ancara a repetir o ato: "O que eles conseguiram? Talvez eles pensaram que íamos fugir de lá [da Síria]? A Rússia não é disso", frisou, para depois ouvir aplausos da plateia.
Quanto aos ataques aéreos russos na Síria, ele reiterou que a ação militar deverá até que o Exército da Síria possa conduzir uma ofensiva no país. Ele disse que nunca vai aceitar que uma potência estrangeira decida quem vai governar a Síria. Segundo ele, Moscou, porém, fará de tudo para resolver a crise.
Ele declarou que a Rússia apoia os esforços dos EUA na guerra civil síria por uma nova resolução na ONU. "Washington apresentou uma proposta aceitável, mesmo que alguns pontos ainda tenham que ser trabalhados", disse o chefe do Kremlin. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, deu a sugestão na terça-feira ao visitar o líder russo em Moscou.
Ucrânia e Blatter
Na entrevista, Putin admitiu que a Rússia manteve pessoal no leste da Ucrânia realizando certas tarefas militares, mas negou ter posicionado tropas russas regulares em território ucraniano.
"Nós nunca dissemos que não havia pessoas realizando certas tarefas, incluindo na esfera militar. Mas isso não significa que haja tropas russas regulares lá. Veja a diferença", assinalou.
Putin disse que a Rússia está disposta a convencer os separatistas no leste da Ucrânia de que é necessário um acordo rumo à uma solução política para o conflito na região.
O tema futebol não deixou de ser mencionado na entrevista do líder russo que, mais uma vez, sugeriu o nome do presidente da Fifa, Joseph Blatter, atualmente suspenso pela organização, para o Prêmio Nobel da Paz. Para Putin, Blatter fez muito pelo futebol e é uma pessoa muito respeitada.
Putin afirmou que as alegações de corrupção na Fifa precisam, como a corrupção geral no esporte, ser esclarecidas. E frisou que a Rússia ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2018 por meios justos.
FC/rtr/dpa/ap