Putin homenageia brigada russa acusada de massacre em Bucha
18 de abril de 2022O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu nesta segunda-feira (18/04) uma homenagem à 64ª Brigada Independente Motorizada do Exército do país. A tropa é apontada pela Ucrânia como a responsável pelo massacre de civis na cidade de Bucha, nos arredores de Kiev.
Putin deu à 64ª Brigada Independente Motorizada o título honorário de Guarda "pelo heroísmo e coragem, pela integridade e o valor demonstrado nos combates para defender a Pátria e os interesses do Estado, em condições de um conflito armado", diz decreto presidencial.
"As ações competentes e decisivas de todo o pessoal [da brigada] durante a operação militar especial na Ucrânia são um modelo de execução do dever militar, de coragem, de determinação e de grande profissionalismo", escreveu Putin sobre os militares.
Desde o começo da invasão da Ucrânia, a Rússia não se refere ao conflito como guerra, mas como uma "operação militar especial". O Kremlin não indicou onde está ou para onde foi enviada a brigada, nem especificou quais as suas missões.
No entanto, após a retirada das tropas russas do norte de Kiev, as autoridades ucranianas denunciaram o massacre de civis em Bucha, com a localização de várias centenas de corpos, alguns com as mãos atadas. O serviço de inteligência militar, posteriormente, divulgou em seu site os dados pessoais de 1,6 mil integrantes das tropas russas que atuaram em Bucha, como nomes e sobrenomes, data de nascimento e patentes. A lista corresponde, justamente, aos integrantes da 64ª Brigada Independente Motorizada.
O Kremlin nega as acusações de massacre em Bucha, diz que as imagens são falsas e que se trata de uma "encenação" de Kiev. No entanto, jornalistas que estiveram na cidade confirmaram a existência de centenas de cadáveres, muitos com as mãos atadas, e vários com ferimentos a bala, inclusive mulheres e crianças. Moradores da cidade também relataram os dias de terror vividos.
A DW também analisou as imagens e pôde comprovar que são verdadeiras.
Confrontos eclodem em cidades do leste
A guerra na Ucrânia chegou nesta segunda-feira a seu 54º dia. Depois de não conseguir capturar Kiev ou derrubar o governo ucraniano, as forças russas recuaram para o leste da Ucrânia, onde preparam uma nova ofensiva.
As tropas russas estão aumentando a intensidade dos ataques em Donetsk e outras partes do leste do país, disse o comando das forças armadas da Ucrânia em um post no Facebook. Militares ucranianos disseram que havia "sinais do início da operação ofensiva" da Rússia.
Nesta segunda-feira, autoridades ucranianas disseram que as tropas russas capturaram a cidade de Kreminna, que antes da guerra tinha uma população de quase 20 mil habitantes. A cidade fica a cerca de 50 quilômetros a nordeste de Kramatorsk, o centro administrativo da região, e é um alvo estratégico para as forças invasoras russas. Explosões também foram registradas em Rubizhne, às vezes seguidas de incêndios e nuvens de fumaça.
Também no leste, bombardeios realizados por tropas da Rússia deixaram nesta segunda-feira ao menos nove mortos e 25 feridos na província de Kharkiv.
Ataques a Lviv
Apesar de concentrar forças no leste, a Rússia voltou a atacar nesta segunda-feira a cidade de Lviv, próxima à fronteira com a Polônia. Pelo menos 11 pessoas morreram, entre elas uma criança.
O prefeito da cidade, Andriv Sadovy, divulgou o balanço através do Telegram, de acordo com informações veiculadas pela agência ucraniana de notícias Ukrinform.
O responsável pela região militar de Lviv, Maksym Kozytskyi, indicou no Facebook que a cidade recebeu o impacto de, pelo menos, quatro mísseis.
Lviv foi, desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, um dos principais pontos de refúgio da Ucrânia para a população local e também ponto de onde fugiram milhares de ucranianos.
Nessa parte do país, até o momento, tinham sido registradas poucas hostilidades das tropas russas, embora tenham ocorrido duas explosões com poucas horas de diferença em março, coincidindo com a visita oficial do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Polônia.
Deportados à força
O prefeito da cidade sitiada de Mariupol disse nesta segunda-feira que tropas russas estão "deportando à força" civis para a Rússia ou regiões controladas pelos russos na Ucrânia.
"Verificamos através do registro municipal que eles já deportaram mais de 40 mil pessoas", disse Vadym Boichenko à televisão ucraniana. A DW não pôde verificar a alegação de forma independente.
Combates ferozes ocorrem em Mariupol e nos arredores, com grande parte da cidade agora sob o controle das forças russas. Cerca de 100 mil habitantes ainda estão em Mariupol, disse um oficial da polícia da cidade, Mykhailo Vershinin. Antes da guerra, Mariupol tinha cerca de 450 mil habitantes.
A cidade está isolada, e autoridades ucranianas acusam a Rússia de não permitir a fuga de civis nem a entrada de ajuda humanitária.
le (AFP, EFE, Lusa, ots)