Putin: "Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas"
1 de setembro de 2014"Se eu quiser, ocupo Kiev em duas semanas." Em meio ao agravamento da crise no leste ucraniano, a frase teria sido dita pelo presidente russo, Vladimir Putin, ao presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel Durão Barroso, em conversa telefônica.
A informação é do jornal italiano La Repubblica. Barroso comunicou o ocorrido aos chefes de Estado e de governo presentes na cúpula da União Europeia, em Bruxelas, no último sábado (01/09).
O episódio foi confirmado por um diplomata, que estava presente na cúpula, ao site da revista alemã Der Spiegel. Barroso teria questionado Putin sobre operações militares russas em território ucraniano. E o presidente teria respondido que este não é um fator decisivo, mas sim, que, se que ele quiser, pode ocupar o país vizinho rapidamente.
As circunstâncias da ligação telefônica não são conhecidas, mas tanto o diário italiano quanto o portal alemão classificaram as palavras do presidente como uma ameaça. De acordo com o La Repubblica, Putin queria deixar claro que não toleraria provocações com sanções econômicas. Na cúpula da UE, foi discutida a possibilidade de ampliar e endurecer os embargos comerciais à Rússia.
O diário italiano publicou ainda que após Barroso ter informado os políticos europeus na cúpula sobre o telefonema, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, fez uma alerta sobre os riscos de lidar com Putin.
Segundo o britânico, não se pode cometer o mesmo erro feito com a Alemanha nazista, em 1938 – o então primeiro-ministro britânico, Neville Chamberlain, na Conferência de Munique, aceitou as garantias oferecidas por Adolf Hitler para manter o equilíbrio europeu. O discurso de Cameron foi apoiado por várias delegações presentes na cúpula.
O La Repubblica informou também que a chanceler alemã Angela Merkel, em tom bastante irritado, declarou que Putin estaria se movendo em direção a uma escalada militar. Merkel alertou ainda, que, após a Ucrânia, Letônia e Estônia também poderiam estar nos planos russos.
Para a Spiegel, uma tese plausível, pois Merkel advertiu repetidamente que não se pode confiar em Putin neste conflito – sobretudo, porque o governo russo oficialmente nega qualquer envolvimento ou apoio aos separatistas no leste ucraniano. Em seu discurso no Parlamento alemão nesta segunda-feira, a chanceler acusou a Rússia de tentar mudar à força as fronteiras ucranianas.