Quando uma Guiness não cai bem
5 de junho de 2002A Potsdamer Platz sempre foi palco de vitórias e derrotas dos alemães. A praça, que no começo do século passado ganhou o primeiro semáforo da Europa e abrigou por décadas o vazio do Muro de Berlim, até que ganhou cara nova. E, se na semana passada viu milhares de alemães celebrarem a vitória sobre os sauditas, hoje viu os mesmos quietos e cabisbaixos.
Meia hora antes do jogo, o pátio do Sony Center já estava cheio, não havia mais mesas nos restaurantes e a fila da cerveja estava enorme. Um severo controle de pertences tentava evitar violência como a da segunda-feira, quando turcos e brasileiros entraram em conflito durante a estréia do Brasil na Copa do Mundo.
Pouco antes do início da partida, a Polícia resolveu fechar o acesso ao interior do complexo. "Só pude ver os últimos 15 minutos", lamenta um torcedor. "Achei uma pena eles terem fechado o acesso, fiquei todo o tempo esperando do lado de fora."
Vestidos com a camiseta da seleção, com caras pintadas e bandeiras na mão, todos estavam muito otimistas. Alguns apostavam no 2 a 1, outros no 2 a 0 e até no 3 a 0. Era de intimidar os poucos irlandeses que levantavam suas bandeiras pelos cantos. Segundo a administração do prédio, havia cerca de três mil pessoas no local.
Mas durante o intervalo a história já era outra. Pesava um clima de "ai, como eu queria que isso já tivesse acabado aqui". Um torcedor: "No começo do jogo, tinha valido a pena vir até aqui. Mas depois da metade comecei a me arrepender. Deixou de ser um jogo legal, a atmosfera estava tensa. Estava claro que estávamos apenas segurando o placar."
Então veio o gol irlandês e a multidão calou-se. Difícil um lugar esvaziar tão rápido. Quem ficou para celebrar foi um grupo de irlandeses. "Alles Spass", arriscavam em alemão com muito sotaque, referindo-se a que o que vale é se divertir.