Queima de bandeiras de Israel em Berlim provoca indignação
12 de dezembro de 2017Em reação a protestos antissemitas na Alemanha, o presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, Josef Schuster, pleiteou nesta terça-feira (12/12) mudanças na legislação alemã para evitar ou dissolver mais rapidamente manifestações do tipo.
A demanda veio após, no último fim de semana, manifestantes em Berlim queimarem bandeiras israelenses em resposta à decisão dos EUA de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, também condenou os atos, assim como outros políticos conservadores do país.
"Aqueles que queimam bandeiras israelenses questionam ou negam o direito de Israel de existir", disse Schuster, em entrevista ao diário alemão Rhein-Neckar-Zeitung. "Esse tipo de ações com o tom claramente antissemita não pode ser aprovado. Elas cruzam o limite do que é permitido pelo direito de reunião."
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O presidente do conselho judaico alegou que a polícia deve poder intervir durante tais manifestações. "Se as leis existentes não permitem que façam isso, o governo deveria analisar urgentemente possíveis mudanças na lei", disse Schuster.
Durante o fim de semana, milhares de manifestantes se reuniram no distrito de Neukölln, em Berlim, e em frente ao Portão de Brandemburgo, perto da embaixada dos EUA, para protestar contra a controversa decisão do presidente americano, Donald Trump.
Diversas imagens divulgadas no domingo mostraram alguns manifestantes queimando uma bandeira com a Estrela de Davi, símbolo do judaísmo e do Estado de Israel. A polícia deteve ao menos 20 pessoas por ofensas como perturbação da paz. Mas a polícia de Berlim disse à DW que não pode indiciar aqueles que haviam queimado bandeiras.
"Queimar uma bandeira não é crime, seja ela israelense ou americana ou de qualquer outro país", disse o porta-voz da polícia berlinense, Thomas Neuendorf. "A única exceção é quando uma bandeira é tirada de um edifício oficial, como uma embaixada, e queimada."
Merkel condenou os atos na segunda-feira. "Nós nos opomos a todas as formas de antissemitismo e xenofobia", disse a chanceler federal, evitando tocar na questão de revisão da legislação alemã. Ela simplesmente acrescentou que "o Estado tem que usar todas as medidas legais disponíveis" para combater incidentes similares no futuro.
Na semana passada, o porta-voz de Merkel, Stefan Seibert, havia dito que a chanceler federal não apoia a decisão e Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel "porque o status de Jerusalém só pode ser negociado no âmbito de uma solução de dois Estados".
Políticos pedem mudanças
Partidários da União Democrata Cristã (CDU) e da sigla aliada da Baviera, a União Social Cristã (CSU), também pediram mudanças na legislação que possibilitem combater manifestações antissemitas.
"Se esses anarquistas tentarem realizar a próxima intifada em nossas cidades, é tarefa da polícia e responsabilidade histórica de nosso país colocá-los em seus lugares", disse o governador do estado de Hessen, Peter Breuth (CDU).
Stephan Mayer, membro do grupo parlamentar da CSU no Bundestag, disse ao Rhein-Neckar-Zeitung que a incapacidade da polícia de indiciar aqueles que queimam bandeiras é um indício de que "uma mudança nas leis existentes é urgentemente necessária".
PV/afp/dpa
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