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Rússia preocupada com ampliação da Otan

(ns)2 de abril de 2004

Não isolar a Rússia do processo de integração na Europa é a posição do chanceler alemão. Gerhard Schröder é o primeiro estadista do Ocidente a reunir-se com o presidente russo Vladimir Putin após sua reeleição.

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Schröder (esq) e Putin em um de seus muitos encontros em MoscouFoto: AP

O chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, pronunciou-se a favor de relações mais estreitas da União Européia com a Rússia. A parceria estratégica combinada entre ambas precisa ser implementada, disse Schröder, em entrevista à emissora WDR, nesta sexta-feira (02), antes de partir para Moscou.

O chefe de governo alemão será o primeiro estadista europeu a reunir-se com o presidente russo, Vladimir Putin, após sua reeleição. Isso em si já revela as relações especiais que se estabeleceram entre os dois mandatários, e que já vem de muito antes do eixo Berlim-Paris-Moscou em oposição à guerra no Iraque.

Encontro a três com Chirac não se repetirá

O presidente francês, Jacques Chirac, também irá a Moscou no fim de semana, e o Kremlin bem que gostaria que se repetisse o encontro dos três, o que não será possível. Por causa da mudança do gabinete em Paris, Chirac só é esperado na noite de sábado (03) na capital russa.

Schröder irá informar Putin da conferência sobre o Afeganistão, encerrada quinta-feira (01) em Berlim. O Iraque será outro tema na agenda, bem como o Oriente Médio. Mas o político alemão provavelmente não mencionará a Tchechênia e as violações à liberdade de imprensa na Rússia. Afinal, o chanceler alemão não se vê no papel de crítico, mas de amigo de Moscou.

A nova geopolítica na Europa

"Nós estamos criando a grande Europa, a grande união. E é óbvio que essa União Européia ampliada deve ter relações bem estreitas com a Rússia". Isso se reveste de importância neste momento em que sete países do Leste Europeu, ex-membros do Pacto de Varsóvia, acabam de filiar-se à Otan, a Aliança do Tratado do Atlântico Norte. Com isso, quase todos os ex-membros do pacto agora são membros da Otan. E em 1º de maio, dez países - a maioria do Leste Europeu - ingressam na União Européia.

Tais mudanças fazem uma alteração profunda na geopolítica européia, consumando um processo iniciado com o desmoronamento do mundo comunista. Facilitar a aceitação desse processo por parte de Moscou é um dos objetivos da política exterior da Alemanha, e em parte da União Européia, em relação à Rússia. A preocupação de Schröder é que a Rússia não fique isolada. Tanto é que a ex-superpotência sempre tem sido incluída em consultas internacionais de relevância.

Segundo Schröder, a parceria da Rússia com a União Européia às vezes emperra "no âmbito da burocracia". Na entrevista, Schröder considerou que "não são divergências realmente graves" as existentes com a Rússia por causa da ampliação da Otan e da UE.

As objeções de Moscou

Moscou negou-se a estender a parceria estratégica e de cooperação com a União Européia automaticamente aos oitos novos membros da Europa Oriental, que antes pertenciam à esfera de influência soviética. Isso principalmente por temer perder terreno nesses mercados. Somente nesta semana o governo russo sinalizou disposição a ceder nesse aspecto.

A preocupação com a ampliação da Otan ficou patente nos debates parlamentares em Moscou, na quarta-feira (31). Os deputados conclamaram o Kremlin a repensar sua política de Defesa e o estacionamento de tropas, se a Otan continuar menosprezando os interesses da Rússia. Uma resolução aprovada por grande maioria de votos conclama os países-membros da Otan a ratificar finalmente o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa.

O chanceler Gerhard Schröder mostrou-se confiante de que o processo de democratização prosseguirá durante o segundo mandato de Putim. Ele foi reeleito há quase três semanas por grande maioria, num pleito que não corresponde necessariamente ao que se entende por eleições democráticas no Ocidente. Schröder, que certamente é o estadista que mais se reuniu até agora com Vladimir Putin, considerou muito boas e amistáveis as relações entre os dois países.