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Recessão na zona do euro ameaça economia global

22 de maio de 2012

Levantamento realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico defende ação de BCE e dos governos para economia europeia voltar a crescer.

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Devido ao enfraquecimento das economias da zona do euro e à vulnerabilidade do sistema financeiro, os 17 países do bloco correm o risco de entrar em "severa recessão", alertou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório divulgado nesta terça-feira (22/05) em Paris.

A fim de estancar o "grande risco" de queda das economias mundiais, desencadeada pela crise europeia, a entidade defende que os governos e o Banco Central Europeu (BCE) ajam rapidamente. Entre as medidas, a OCDE sugere o BCE compre títulos de dívida, ou mesmo reduza seus juros, a fim de oferecer dinheiro mais barato.

Segundo os autores do estudo, outros fatores que podem ameaçar a economia mundial são o aumento do preço do petróleo e o crescimento da China.

Revisão para baixo

O crescimento global está estimado em 3,4% em 2012. Já para a zona do euro, a OCDE – que reúne os 34 países desenvolvidos e emergentes – prevê que o PIB sofrerá uma queda de 0,1%. Até então, esperava-se um pequeno aumento de 0,2%. No próximo ano, as economias da moeda única europeia devem crescer apenas tímido 0,9%, o que não será suficiente para evitar o aumento do desemprego nos países.

"Hoje estamos em uma pior situação do que há cinco anos", afirmou o economista-chefe da OCDE, Pier Carlo Padoan. "Temos atrás de nós cinco anos de crise, com registros de grandes perdas na produção e no mercado de trabalho, e ainda não resolvemos nosso maior problema, que é a crise de endividamento na zona do euro", disse.

Mesmo já tendo sido iniciados, os processos de reforma implementados no bloco devem acabar sendo freados por causa da recessão. O relatório fala de uma "exaustão de reformas" em alguns países.

"Diante disso, aumenta o perigo de um círculo vicioso, que pode ser causado pelo endividamento alto e irredutível, o fraco sistema bancário, duras medidas de austeridade e o baixo crescimento em curso", traz o relatório.

"É muito importante que algo mude fundamentalmente na zona do euro. Permanecemos uma situação de alto risco e isso tem efeitos sobre a economia global de maneira geral", reforça o economista da OCDE, Eckhard Wurzel.

Alemanha é exceção

Uma exceção na eurozona é a Alemanha. "A economia alemã nos surpreendeu e neste primeiro quadrimestre já cresceu com força", afirmou Andreas Wörgötter, especialista em Alemanha do OCDE. A previsão de crescimento econômico para o país é de 1,2% neste ano e de 2% em 2013.

No estudo divulgado em novembro, a expectativa era que a maior economia europeia alcançasse metade do crescimento previsto agora para este ano. "Os pedidos de encomenda estão aumentando, assim como as vendas no varejo. O setor produtivo cresce, o mercado de trabalho permanece robusto", explica Wörgötter. O país vem alcançando níveis históricos de ocupação: 5,4% este ano e 5,2% no próximo ano.

Entre os membros da OCDE em melhores condições econômicas, estão ainda os Estados Unidos e o Japão, que alcançarão este ano crescimento de 2,4% e 2% respectivamente.

Recuperação lenta

Segundo a OCDE, a economia espanhola deve minguar pelo menos 1,5% este ano, e continuará em recessão em 2013, com um recuo de 0,75%. O desemprego vai ultrapassar os 25%.

As perspectivas não são mais animadoras nos países incluídos em programas de assistência financeira. A Grécia enfrentará cada vez mais dificuldades para implementar as reformas necessárias a cumprir suas metas de deficit e seus compromissos internacionais, devido ao ambiente social, político e econômico no país. A organização prevê uma recuperação lenta.

A economia portuguesa deve cair 3,2% este ano e 0,9% em 2013, quando a taxa de desemprego aumentará, ultrapassando os 16%.

MSB/rtr/ap/lusa/afp/dpa
Revisão: Augusto Valente