Damasco disposto a debater saída de Assad
22 de agosto de 2012O vice-primeiro-ministro sírio, Qadri Jamil, disse nesta terça-feira (21/08), em Moscou, que o país está pronto para discutir o afastamento do presidente Bashar al-Assad.
Numa conferência de imprensa em Moscou, após reunião com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, Jamil disse que "tornar a renúncia em si uma condição para um diálogo significa que nunca se será capaz de chegar a este diálogo".
Segundo fontes políticas, Jamil foi enviado a Moscou para discutir a possibilidade de um plano para eleição presidencial na Síria, em que todos os candidatos seriam autorizados a concorrer, incluindo Assad.
Porém o grupo de oposição exilado, o Conselho Nacional Sírio, diz que no planejamento de formação de um governo de transição, não se sabe ainda se figuras do regime atual poderão concorrer.
Tensões Oriente-Ocidente
A porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, disse que leu os relatórios da conferência de imprensa do vice-primeiro-ministro e que não vê nada de novo. O Ocidente há algum tempo exige a saída de Assad, acusando-o de massacrar seu próprio povo numa revolta que começou pacificamente.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou o país árabe de possuir um arsenal de armas químicas. A Síria já admitido esse fato em julho, porém assegurando que poderia usá-lo em caso de "agressão externa", não contra seu próprio povo.
Dessa forma, Obama colocou o regime de Assad sob observação, declarando que, embora Washington ainda não tenha ordenado ação militar, se o arsenal for usado, considerar-se-á que a Síria "cruzou a linha vermelha".
As críticas não foram bem recebidas. Segundo a Rússia, o Ocidente não deve se intrometer nos assuntos ligados à Síria, e para o vice-primeiro-ministro sírio os comentários de Obama seriam simplesmente propaganda para as eleições nos Estados Unidos, que acontecem em novembro.
O chefe da diplomacia russa apontou que os esforços do regime sírio para pôr fim a 17 meses de violência no país são ainda insuficientes. Segundo a ONU, 17 mil pessoas morreram e centenas de milhares fugiram ou estão desabrigadas, na grave crise humanitária pela qual a Síria passa.
GMF/lusa/afp
Revisão: Augusto Valente