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"Rei da pirataria" à beira da extradição para os EUA

15 de agosto de 2024

Criador do Megaupload, Kim Dotcom é acusado de violar direitos autorais em processo histórico e pode pegar pena de até 55 anos. Ministério da Justiça da Nova Zelândia, país onde ele vive, disse que ordem está assinada.

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O criador do Megaupload Kim Dotcom em foto de arquivo
Empresário do ramo de tecnologia, o alemão Kim Dotcom (foto de arquivo) diz estar determinado a permanecer na Nova Zelândia, país onde ele viveFoto: Nigel Marple/REUTERS

Criador do Megaupload, site de compartilhamento de arquivos que teve seu auge no final dos anos 2000 e início dos anos 2010, Kim Dotcom está prestes a ser extraditado para os Estados Unidos, onde responde ao maior processo por violação de direitos autorais da história e pode pegar até 55 anos de prisão.

A informação foi confirmada nesta quinta-feira (15/08) por Paul Goldsmith, ministro da Justiça da Nova Zelândia, país onde vive o ex-magnata do ramo de tecnologia nascido na Alemanha. Segundo um porta-voz da pasta, a ordem de extradição já está assinada.

Dotcom – nome artístico que alude ao domínio ".com" típico de sites da internet – luta contra a extradição desde 2012, ano em que o FBI, a polícia federal americana, revistou a mansão dele em Auckland.

"Analisei toda a informação com cuidado, e decidi que o senhor Dotcom deve ser entregue aos EUA para julgamento", consta de comunicado assinado por Goldsmith. "Como é de praxe, concedi ao senhor Dotcom um breve período de tempo para pensar e buscar aconselhamento sobre a minha decisão. Portanto, eu não farei mais nenhum comentário neste momento."

Dotcom diz que não sairá da Nova Zelândia

"Amo a Nova Zelândia. Não vou sair", reagiu o empresário alemão em uma postagem no X feita nesta quinta-feira.

Na terça, Dotcom já havia se pronunciado sobre a extradição: "A obediente colônia americana no Pacífico Sul [Nova Zelândia] acabou de decidir me extraditar por aquilo que usuários carregaram no Megaupload".

Autoridades americanas acusaram Dotcom e outros três ex-executivos do Megaupload de prejuízo de mais de 500 milhões de dólares (R$ 2,7 bilhões) aos estúdios de cinema e gravadoras  ao incentivarem usuários pagantes a armazenar e compartilhar material protegido por direitos autorais, como filmes e álbuns musicais, faturando mais de 175 milhões de dólares (R$ 955,1 milhões) em receitas com o Megaupload. O grupo também foi acusado de lavagem de dinheiro.

Além de Dotcom, foram presos em 2012 o diretor de marketing do site, Finn Batato, e o diretor técnico e cofundador Mathias Ortmann, ambos também alemães, além de um terceiro executivo, o holandês Bram van der Kolk. Ortmann e van der Kolk aceitaram ser processados na Nova Zelândia e foram condenados em 2023 a penas de mais de dois anos de prisão. Já Batato morreu em 2022 de câncer.

Megaupload foi o 13º site mais popular da internet

Nascido Kim Schmitz em 1974 na cidade de Kiel, no norte da Alemanha, Dotcom fundou o Megaupload em 2005. A plataforma fornecia serviços de armazenamento e compartilhamento de arquivos on-line e ganhava milhões com publicidade e assinaturas premium.

Em seu auge, o Megaupload era o 13º site mais popular da Internet e respondia por 4% de todo o tráfego online.

O domínio acabou confiscado em 2012 pelo FBI, que indiciou os executivos da empresa acusando-os de operarem como uma organização dedicada à violação de direitos autorais. Dotcom, que reside na Nova Zelândia desde 2010, negou veementemente qualquer irregularidade.

Dotcom ganhou fama na internet nos anos 1990, quando atuava como hacker sob o pseudônimo Kimble. Como empresário, vivia cercado de rappers e modelos famosas, esbanjando riqueza em iates e carros de luxo que exibia no YouTube. Mas só muitos anos depois é que se ficou sabendo que ele era o dono do Megaupload.

ra (Reuters, EFE, ots)