Relações estremecidas
30 de novembro de 2011O Reino Unido deu um prazo de 48 horas ao corpo diplomático da embaixada iraniana em Londres para que abandone o país, informou nesta quarta-feira (30/11) o ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague. Ele salientou, no entanto, que não se trata do rompimento de relações diplomáticas, mas que estas serão reduzidas ao mínimo possível.
A embaixada britânica na capital iraniana foi evacuada e permanecerá fechada, após ter sido invadida nesta terça-feira por manifestantes iranianos. Um país que não protege os diplomatas como exige a Convenção de Viena não pode esperar que o Reino Unido hospede seu corpo diplomático, disse Hague. O ministro acrescentou que o Reino Unido estudará mais sanções contra o Irã em colaboração com os demais parceiros da União Europeia.
Hague agradeceu às Nações Unidas, aos Estados Unidos e outros países pelo apoio demonstrado após o incidente em Teerã, e disse que a Turquia prestou grande ajuda.
Na invasão da embaixada britânica na capital iraniana, 200 manifestantes iranianos destruíram documentos e imagens da rainha Elisabeth. Eles alegaram estar com raiva após as sanções contra o Irã e devido à morte de um pesquisador nuclear. Além disso, acusaram os funcionários da embaixada de espionagem. Outro grupo de estudantes entrou no complexo residencial dos diplomatas da embaixada no norte da capital, onde há também escolas estrangeiras.
Noruega e Alemanha reagem
A Noruega anunciou ter fechado sua embaixada em Teerã por questões de segurança. O corpo diplomático norueguês continua no Irã e ainda não foi tomada qualquer decisão sobre a evacuação da embaixada, declarou Hilde Steinfeld, uma porta-voz do Ministério norueguês de Relações Exteriores.
O governo holandês retirou por um período indeterminado seu embaixador do Irã, anunciou nesta quarta-feira o ministro de Relações Exteriores do país, Uri Rosenthal.
O ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, convocou a Berlim nesta quarta-feira seu embaixador em Teerã para avaliar a situação. Antes disso, Westerwelle havia chamado ao seu gabinete o embaixador do Irã na Alemanha. Na conversa mantida na sede do Ministério, a vice-ministra Emily Haber ressaltou que o ataque em Teerã nesta terça-feira é uma grave violação do direito internacional.
Condenações internacionais
A polícia iraniana anunciou nesta quarta-feira ter realizado várias detenções. A agência de notícias iraniana Irna citou Ahmad-Reza Radan, vice-comandante da polícia do Irã, ao assinalar que foram tomadas medidas para prender todos os responsáveis.
O Ministério iraniano de Relações Exteriores se distanciou do incidente, alegando tratar-se de um ato espontâneo de estudantes e não aprovado oficialmente. O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, criticou a decisão de Londres, alegando que o governo britânico não deveria usar o incidente estudantil em benefício político.
O ataque recebeu condenações internacionais. O Conselho de Segurança da ONU e vários países censuraram o incidente, que Teerã afirmou lamentar. Também a União Europeia (UE) criticou duramente a invasão. "Condeno enfaticamente essa invasão inaceitável", diz a nota emitida pela representante de política externa da UE, Catherine Ashton. Ela exigiu do governo iraniano que "cumpra sem demora suas obrigações internacionais, inclusive a Convenção de Viena, de proteger diplomatas e embaixadas".
Os manifestantes, oficialmente identificados como pertencentes à milícia islâmica Bassidji, aproveitaram-se da passividade das forças de segurança junto à embaixada, enquanto o ataque era acompanhado ao vivo pela televisão iraniana. Na invasão, vidros foram quebrados, objetos e documentos foram lançados pelas janelas, um veículo da embaixada foi incendiado e a bandeira britânica foi substituída pela iraniana.
RW/dpa/lusa/rtd
Revisão: Carlos Albuquerque